segunda-feira, dezembro 10

2º Domingo do Advento

Na nossa Celebração ontem, na Sé Velha, assistimos a uma bela interpretação deste Hino à Vida, à Alegria, à Comunhão... rezando pela Ana, pelo Miguel e pela Nani!







domingo, novembro 25

34º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo


Desta vez, o Samelo preparou-nos uma reflexão para o Momento Penitencial, a que juntou uma Homília de João Paulo II (Dia do Perdão do Ano Santo de 2000, a 12 de Março) e a Oração Universal – Confissão das culpas e Pedido de Perdão usada na mesma Celebração pelo Papa.


MOMENTO DO PERDÃO

A Igreja é sacramento do Reino - é a anti-Babel

Quando, em 1925, Pio XI instituiu a Festa de Cristo-Rei o seu objectivo era temporal e político: “cristianizar” os estados modernos, pois o cristianismo, melhor: o catolicismo romano era a religião perfeita e única (as outras eram império do diabo!) e a Igreja o único sacramento de salvação, a única arca da aliança, uma fortaleza e uma sociedade perfeita - a Igreja identificava-se totalmente com o Reino!

Mas… a Igreja da Trindade é criação contínua do Espírito Santo que sopra quando quer, onde quer e como quer…

… e quando a Igreja, sendo visível e invisível, instituição e mistério, se abre ao sopro do Espírito… percebe

* que não é o Reino nem a fonte da salvação (esta é Jesus Cristo)… e surgem no seu seio acontecimentos maravilhosos como o Concílio Ecuménico Vaticano II: “A Igreja, Reino de Cristo já presente em mistério…” (LG 3) “constitui ela própria na terra o germe e o início deste Reino” (LG 5); porque não é coincidente com o Reino (“Reino de Verdade e de Vida, Reino de Santidade e de Graça, Reino da Justiça, de Amor e de Paz”), a Igreja é seu sinal e instrumento, ou sacramento (cf. LG 1) e portanto deve:
- ser compreensível e significativa para todas as pessoas, povos e culturas; isto é, deve ser um sinal conforme às características de cada cultura e não de uma só;
- não ser um falso sinal: muitas vezes, levada pelo receio de que os valores das culturas venham destruir uma certa imagem de ordem que julga ser exigida pelo Reino, a Igreja pode fossilizar em estruturas e soluções ultrapassadas;

* que “contém pecadores no seu seio e, por isso, ao mesmo tempo que é santa, precisa sempre de purificação, e sem descanso prossegue no seu esforço de penitência e renovação” (LG 8): o Espírito goza de prioridade e primado em relação ao institucional eclesial, precede e vai gerando a Igreja, não “desce” a uma Igreja já constituída, mas serve-se dela e conscienciatiza-a de falhas e limitações, não “canonizando”, por isso, tudo o que nela acontece - e a Igreja, em atitude de conversão ao Reino, vai exercitando a “purificação da memória”…


Eu deste monte estou a ver o mar
Um mar de gente que não tem um lar
É um sobejo é um sobejo baixo
Canção tão triste paira sobre as ondas
É o lamento de homens a chorar
É um lamento é um lamento o mar

Refrão:
QUEM VÊ AS ONDAS
QUEM VÊ AS ONDAS DO MAR
NÃO FICA EM TERRA
- NÃO FICA EM TERRA A OLHAR (última vez: TEM DEUS QUE O MANDA AVANÇAR)

Lá mais ao fundo longe deste pranto
Vive uma gente que não sabe amar
É um tormento é um tormento amar
Vivem num reino feito de cristal
Vivem de sonhos sem querer olhar
Este sobejo este sobejo baixo (Refrão)

Na noite escura vem um monstro irado
Consome as vidas deste mar humano
É deste reino é deste reino o mal
É deste monstro que vive o cristal
E os dois combinam ter um povo em pranto
Esquecimento esquecimento brando (Refrão)

Canção tão triste paira sobre as ondas
Será um hino de libertação
Não será pranto não será pranto o mar
E o cristal será quebrado e o mar
Terá nas mãos um monstro domado
É deste reino é deste reino o bem (Refrão)

(O texto e as orações de João Paulo II podem ser descarregadas aqui!)

António Samelo

quinta-feira, novembro 8

Co-responsabilidade na Igreja

A propósito de um texto de reflexão que assinou com o título acima, o Samelo envia-nos agora um conjunto de documentos:

[Primeiro]
[Segundo]
[Terceiro]
[Quarto]

domingo, outubro 21

29º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Hoje o Samelo apenas nos trouxe, para além do texto da primeira leitura, as letras de três cânticos, para nos ajudar a reflectir...

Leitura do Livro do Êxodo (Ex 17, 8-13)
Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel. Moisés disse a Josué:
«Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão».
Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec. Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos.
Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr-do-sol e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada.
Palavra do Senhor.

******************

Hino da Acção Católica Portuguesa

Abram alas terra em fora
Por entre frémitos de luz!
Deus nos chama, é nossa a hora,
Alerta pela Cruz!
Almas bravas de soldados,
Senhor, já surgem d’além!
E há caminhos não andados,
Que esperam por alguém.

EM NÓS, ACENDEI EM NÓS, Ó DEUS
FLAMAS DE UM NOBRE IDEAL!
CLARINS, VIBREM CLARINS NOS CÉUS
POR AMOR DE PORTUGAL!
QUEM AVANÇA A CONQUISTAR TROFÉUS
LUTA POR BEM DA GREI
LUTAI A CANTAR E A OLHAR EM DEUS,
BATALHÕES DE CRISTO REI!

Brade ao vento a voz da terra,
Ó Pátria, voz do mar em dor:
Contra o ódio, contra a guerra,
Só vence a voz do amor.
Portugal, rezando, cante,
Senhor ao rumo triunfal:
Arraial, avante, avante,
Vitória! Portugal!


Queremos Deus

1. Queremos Deus, homens ingratos
ao Pai Supremo, ao Redentor!
Zombam da fé os insensatos,
erguem-se em vão contra o Senhor

DA NOSSA FÉ, Ó VIRGEM,
O BRADO ABENÇOAI:
- QUEREMOS DEUS, QUE É NOSSO REI!
QUEREMOS DEUS, QUE É NOSSO PAI! (bis)

2. Queremos Deus um povo aflito,
ó doce Mãe, vem repetir
a vossos pés d’alma este grito,
que aos pés de Deus fareis subir.

3. Queremos Deus e a sã doutrina,
que nos legou na Sua cruz,
que leva à escola e à oficina
a lei de Cristo, amor e luz.

4. Queremos Deus, na pátria amada
amar-nos todos como irmãos,
e ver a Igreja respeitada
são nossos votos de cristãos.

5. Queremos Deus, por bom exemplo
hemos da Igreja as leis guardar,
e nos ministros do Seu templo
carácter santo respeitar.

6. Queremos Deus, não contradigam
a lei divina as nossas leis:
todos adorem, todos sigam
a Jesus Cristo, Rei dos reis.

7. Queremos Deus, e prontos vamos
sua lei santa defender!
Sempre servi-lO aqui juramos
queremos Deus até morrer!

*********************

Deus guerreiro?
Porque é que Deus não impediu(e) o mal, o sofrimento?!:
* ou Deus não pode: então será omnipotente?
* ou não quer: então será santo, justo, bom?
* ou não pode e não quer: então não será impotente e malvado?
* ou pode e não quer: é sádico!?
* ou pode e quer: então porquê todo este mal no mundo?



KYRIE ELEISON 19 (TAIZÉ)
(Jaques Berthier)


KYRIE ELEISON
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

1. Pela Igreja, para que seja fermento de reconciliação
em toda a Humanidade, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

2. Para que a paz do Ressuscitado encha os nossos corações
e o Seu amor nos liberte, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

3. Pelas vítimas da violência e da guerra,
pela paz no mundo, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

4. Pelos que sofrem no trabalho,
pelos desempregados, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

5. Pelos idosos, pelos doentes,
pelos que estão sós e tristes, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

6. Pelos pobres, os marginalizados, os emigrantes,
pelos que estão ao seu serviço, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

7. Pelas nossas comunidades cristãs,
para que dêem um testemunho de unidade, oremos ao Senhor:
KYRIE ELEISON
CHRISTE ELEISON

domingo, outubro 7

27º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Hoje o Samelo partilhou connosco um powerpoint que preparou para as suas Comunidades...

domingo, setembro 30

26º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Regresso das Celebrações

Pois é... regressámos!
À nossa Sala, à Luz com que somos desafiados a olhar o Mundo!
E com mais um texto do Samelo a interpelar-nos!


Lc 16,19-31

Comentário de Fernando ARMELLINI, O Banquete da Palavra: comentário às leituras dominicais - Ano C, Paulinas, Lisboa, 1997, pp. 453-459 (adaptado)

Caríssimos pobres, neste mundo, a vossa vida é dura e, por vezes, parece realmente um inferno: morais em barracas, sofreis a fome, cobris-vos de trapos, estais cheios de chagas. Os ricos, ao contrário, moram em boas casas, gastam dinheiro em festas, têm bons carros, casas luxuosas, vestidos elegantes. Mas não vos zangueis! No outro mundo, as condições serão modificadas: vós gozareis enquanto eles hão-de sofrer. É só questão de ter um pouco mais de paciência e então haveis de ver: Deus mudará os seus prazeres em sofrimento atroz!
Entendida desta maneira, a parábola do rico e do pobre Lázaro está bem para todos: está bem para os pobres, que pelo menos podem alimentar o sonho de um futuro melhor no além; e está bem igualmente para as ricos que, ao contrário, preferem gozar o paraíso já aqui. E os padres o que fazem? Alguns esforçam-se por incutir o medo do inferno no outro mundo; outros, pelo contrário, defendem que a parábola é um convite a eliminar os infernos horríveis que há neste mundo.
Como interpretar a parábola?
No tempo de Jesus, esperava-se uma mudança das condições sociais. Dizia-se entre a gente pobre: «Um dia, os poderosos serão entregues nas mãos dos justos; estes cortar-lhes-ão o pescoço e matá-los-ão sem dó nem piedade. Os que agora não valem nada dominarão sobre os poderosos e os pobres reinarão sobre os ricos».
Jesus quererá porventura alimentar estes desejos de vingança? Não.
Se quisermos dar um título à parábola, será incorrecto chamar-lhe: a parábola do pobre Lázaro (que não é o protagonista) ou então: a parábola do mau rico. A mensagem central do relato diz respeito ao juízo do Deus de Cristo Jesus sobre a distribuição da riqueza no mundo.

O juízo de Deus sobre as desigualdades deste mundo
Talvez muitos de nós tenhamos a convicção de que há ricos bons e ricos maus. Esta distinção permite-nos pensar que neste mundo pode continuar a haver também as desigualdades mais descaradas. O rico pode viver ao lado do miserável, basta que não roube e que dê esmolas.
Ora, o evangelho diz-nos que não podemos continuar a pensar que os bens que alguém acumula com o próprio trabalho lhe pertencem, que ninguém lhes pode tocar, que pode usá-los como bem entender, que pode até malbaratá-los, se quiser, em divertimentos e pândegas.
É precisamente esta maneira de pensar que para Jesus é inaceitável. É esta convicção (profundamente radicada também no coração dos cristãos) que Ele quer banir. Na parábola, Ele fala de um rico que é condenado não porque fosse mau, mas simplesmente porque era rico, ou seja, porque se fechava no seu mundo e não aceitava a lógica da partilha dos bens com quem estava em necessidade.
Jesus quer dizer-nos que o facto de neste mundo haver duas classes de pessoas - os ricos e os pobres - é contra o projecto de Deus Seu e nosso Pai. Os bens foram dados para todos e quem tem mais deve partilhá-lo com quem tem menos ou não tem nada, de maneira que haja igualdade (cf 2 Cor 8, 13) e para que a todos sejam criadas condições de vida dignas da pessoa humana. Assim: antes que alguém possa conceder a si próprio luxos, é necessário que todos tenham satisfeito as suas necessidades mais elementares.
Comentando esta parábola, Santo Ambrósio, bispo de Milão (340-397), dizia: «Quando dás alguma coisa ao pobre, não lhe dás aquilo que é teu, restituis-lhe apenas o que já é seu, porque a terra e os bens deste mundo são de todos, não dos ricos».
Hoje, a economia do mundo não está estruturada segundo o projecto do Deus de Cristo Jesus: 80% dos recursos estão nas mãos de 25% da população (em 1997!). Poderá um cristão aceitar esta situação? Nos nossos corações alimentamos ou não a mesma aversão que Deus sente contra as injustiças e a desigualdade?
Que devem fazer então os pobres? Começar a roubar e a usar violência contra os ricos? Não, não se cometa o erro de recorrer à violência que nunca resolve nenhum problema, antes cria outros novos e piores. As comunidades cristãs e os seus membros, porque participantes da profecia de Cristo Jesus e iluminados pela Escritura (= «Moisés e os Profetas»), devem anunciar denunciando ao mundo as injustiças que se cometem nos seus países e o sofrimento a que são sujeitos os pobres; devem fazer gestos de protesto fortes, embora não violentos (cf a Petição à Assembleia da República organizada pela Comissão Nacional Justiça e Paz e a entregar até 30 de Setembro de 2007). As comunidades cristãs e cada um de nós devem empenhar-se em mudar o «coração de rico» que trazem consigo: se continuarmos com um coração egoísta, se não tivermos a coragem de partilhar o pouco que ternos com quem é mais pobre, (…) nunca construiremos esse mundo novo onde não há ricos e pobres que disputam avidamente os bens, mas apenas e só irmãos que partilham os dons do Pai.

A terminar vejamos o sentido do nome dado ao pobre: “Lázaro”
Em nenhuma outra parábola Jesus atribui um nome às personagens. Só nesta se diz que o pobre se chamava Lázaro. Ter nome é ser importante!
Quem é que «tem um nome» neste mundo? De quem é que falam os jornais? Dos ricos, de quem tem sucesso… Com Jesus, sucede o contrário. Para Ele, rico é: «um tal sem nome», enquanto o pobre tem um nome muito belo, pois se chama Lázaro, que significa «O Senhor ajuda».
Procuremos perguntar-nos: Quem é importante para nós? Quem é que nós gostamos de referir como sendo nosso amigo?...

Eu deste monte estou a ver o mar
Um mar de gente que não tem um lar
É um sobejo é um sobejo baixo
Canção tão triste paira sobre as ondas
É o lamento de homens a chorar
É um lamento é um lamento o mar

Refrão
QUEM VÊ AS ONDAS
QUEM VÊ AS ONDAS DO MAR
NÃO FICA EM TERRA
- NÃO FICA EM TERRA A OLHAR (última vez: TEM DEUS QUE O MANDA AVANÇAR)

Lá mais ao fundo longe deste pranto
Vive uma gente que não sabe amar
É um tormento é um tormento amar
Vivem num reino feito de cristal
Vivem de sonhos sem querer olhar
Este sobejo este sobejo baixo Refrão

Na noite escura vem um monstro irado
Consome as vidas deste mar humano
É deste reino é deste reino o mal
É deste monstro que vive o cristal
E os dois combinam ter um povo em pranto
Esquecimento esquecimento brando Refrão

Canção tão triste paira sobre as ondas
Será um hino de libertação
Não será pranto não será pranto o mar
E o cristal será quebrado e o mar
Terá nas mãos um monstro domado
E deste reino é deste reino o bem Refrão

António Samelo

quinta-feira, setembro 6

segunda-feira, julho 30

Tolerância




Foto: © Augusta Patrício. Marrakech. 2006


... é também assim que se constrói comunidade! Aceitando a diferença! Fazendo caminho, em equipa!

terça-feira, julho 3

13º Domingo do Tempo Comum - Ano C


Pois é... já foi! Em pleno Verão (!!!), o dia estava chuvoso e frio! Lá em cima (primeiro no Cabeço da Neve, onde almoçámos, depois junto do Caramulinho, onde iniciámos a nossa caminhada em torno do mesmo...), o vento ainda se fazia sentir mais...



Depois de uma longa caminhada, o merecido repouso para Celebrar, em Mosteiro de Fráguas (nome apropriado...), na casa da Tia Cacilda e da Tia Fernanda, um espaço de acolhimento sereno, alegre, vivo, fruto das Mulheres que o HABITAM!




E CELEBRÁMOS...
O Samelo "abriu-nos o apetite", preparando para nós esta reflexão...

JESUS É PROJECTO E ESTILO DE VIDA:
cristão(ã) é aquele(a) que escolheu Cristo e O segue

CRISTO DARÁ A LIBERDADE,
CRISTO DARÁ A SALVAÇÃO,
CRISTO DARÁ A ESPERANÇA,
CRISTO DARÁ O AMOR. (bis)

1. Se lutar pela paz e a verdade, encontrá-la-ei!
Se ajudar a levar a cruz aos outros, salvar-me-ei!
Dá-me, Senhor, a Tua Palavra;
Ouve, Senhor, a minha prece!

2. Se souber perdoar de coração, terei perdão!
Se seguir os caminhos do amor, verei o Senhor.
Dá-me, Senhor, a Tua Palavra;
Ouve, Senhor, a minha prece!

3. Se espalhar a alegria e amizade, virá o amor!
Se viver em comunhão com os outros, serei de Deus.
Dá-me, Senhor, a Tua Palavra;
Ouve, Senhor, a minha prece!

Em todas as religiões, os grandes mestres espirituais tiveram discípulos, assíduos ao seu ensinamento e preocupados em conservar as suas palavras.
No Antigo Testamento o povo também tem necessidade de guias que o orientem na leitura crente dos acontecimentos. Mas essa necessidade é provisória e os profetas muitas vezes predizem um futuro em que será o próprio Deus a ensinar os corações, sem mediação de mestres terrenos (cf Jr 31, 31-34), e todos serão discípulos de Deus (cf Is 54, 13).
Durante o Seu ministério, Jesus apresenta-se como um rabi, um mestre, e reúne discípulos e discípulas à Sua volta para a missão. Aquele(a) que é chamado(a) e enviado(a) deve estar pronto(a) a partilhar a vida e o destino de Jesus, reconhecendo-O e aceitando-O como um projecto e um estilo de vida. Não se trata tanto de aderir a uma doutrina, mas de O seguir, de se ligar à Sua pessoa para sempre. Por isso, o elemento específico da relação do(a) discípulo(a) com Cristo, que a torna diferente de qualquer outra relação entre mestre e discípulo, é uma adesão absoluta, incondicional e definitiva. Nenhum valor, lei ou relação humana, por mais forte e estreita que seja, se pode sobrepor a Ele que se coloca como significado total da vida. Não é tanto a aceitação de uma doutrina abstracta que Ele pede, mas a opção pela Sua pessoa. Podem coleccionar-se e valorizar-se as ideias dos grandes pensadores, sem nunca se interessar pela pessoa do autor. Cristão(ã) é aquele(a) que escolheu Cristo e O segue.
A vida cristã é uma viagem no seguimento de Cristo Jesus (cf evangelho). Seguimento que é uma opção de liberdade (cf 2ª leitura).

A propósito, é importante clarificar o conceito de liberdade:
• conceito grego (tardio) de “liberdade de escolha”;
• conceito bíblico de liberdade (cf S. Paulo) entendida como “disponibilidade para”, como libertação operada por Deus em Cristo Jesus: liberdade e dependência de Deus não são grandezas que se opõem (pelo que aumentando uma diminui outra e vice-versa), mas sim realidades que crescem em conjunto (a recusa de Deus não faz a pessoa humana mais livre, antes fá-la escrava: “quem faz o pecado, é escravo do pecado” - Jo 8, 34).
A verdadeira liberdade, para a Bíblia, não é a possibilidade abstracta de escolher, a pura e simples liberdade de escolha, mas a actuação concreta de liberdade como liberdade do mal para o bem; a escolha do mal não é no sentido da actuação da própria liberdade, mas sim no sentido da sua destruição. O pecado, em nós, pessoas humanas, não é componente da nossa humanidade, antes, raiz da nossa escravidão; com o pecado a pessoa humana torna-se mais egoísta, menos livre de si mesma, numa palavra, menos humana (se é verdade que a pessoa humana se realiza autenticamente procurando não “salvar a própria vida”, mas “perdê-la” na doação a Deus, ao próximo e à natureza - “o pecado diminui o homem, impedindo-o de atingir a plena realização” - CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II, Constituição pastoral Gaudium et Spes, nn. 13 e 17). Para o discípulo de Cristo a verdadeira realização de si não está no dispor caprichosamente de si, dos outros e da natureza, mas em se tornar plenamente disponível para os outros: nisto consiste o crescimento genuíno da pessoa humana, a actuação autêntica da sua liberdade.
Jesus viveu até ao fim, em plena liberdade, isto é, em total disponibilidade para o Pai, para os(as) irmãos(ãs) e para a natureza (= foi “sem pecado”) - em última análise, a liberdade verdadeira é a que nEle se mostra e dEle deriva (“foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou” - Gl 5, 1)
A liberdade do(a) discípulo(a) de Cristo é uma liberdade liberta e por isso compatível com a obediência: não fica sujeita a mais nenhuma outra lei que não seja a lei do amor - “ama e faz o que queres” (Santo Agostinho).

Viver

Viver não se escreve com palavras,
mas sim com projectos.
Viver é um verbo
que só se conjuga com actos.
É esse vestígio
que deixamos,
mas, ao invés
dos despojos dos fósseis,
viver
é o sinal do porvir.
É um erro pensar
que é preciso nascer para viver,
é exactamente o contrário.
É preciso viver para nascer, porque viver
é dar-se à luz a si mesmo.
Viver é querer viver,
é escolher.
Viver
é escolher uma vida
que ainda não existe...
Porque é que se diz:
Nascer,
Viver,
Morrer?
Para quê dividir
a Esperança?

(in: DEBRUYNNE J., Viver: o estaleiro do porvir, Editorial Perpétuo Socorro, Porto, 1982, pp. 5.98.110 - adaptado)
António Samelo



CELEBRAÇÃO

«Creio que Deus se revela
Numa infinita medida
Que tem na grandeza dela
Um traço de cada vida»
Hermínio Beato de Oliveira,
em memória de Hilário Beato de Oliveira



1. Cântico de entrada – Abre os Meus Olhos

Abre os meus olhos meu Senhor
E verei o dia
Visitação do Sol da luz
Que ilumina a vida
Guia-me pela mão
Sê a lâmpada dos meus pés
Que em tudo vacilam.

Guia os meus pés e as minhas mãos
Para a paz que façam.
Dá-me o teu nome e partirei
Dos lugares da sombra
Vem poder do Amor
Libertar o que nos falta ver
E que os olhos querem

Abram-se as portas do que é breu
Sobre os campos verdes
E floresçam mil flores
Onde a morte cresce
Vem Clamor da Manhã
Vem gritar que um fogo arde em nós
E a promessa avança


2. Acolhimento

A casa é de granito: beirã e sólida. Foi construída à medida que a família cresceu ou que a vida permitiu.: uma sala e dois quartos, uma cozinha. Três janelinhas brancas de batentes viradas para estrada e um muro e gradeamento verde a contornar o jardim. Para trás o quintal. Depois vem o andar dos quartos, um piso acima, com um quarto intermédio, a meio piso, o quarto do castelo. O corredor dos quartos termina numa varanda envidraçada, toda de janelas de guilhotina, um solário de espreguiçadeiras de sestas moles. Para lá do solário fez-se ainda um outro corredor, três escadas mais acima, com um quarto ao fundo: o quarto da torre. Para trás da casa, nasceu um enorme salão, para juntar a família, também enorme, em dias de festa.
As paredes são a galeria das obras de arte da família: o poema de um, a pintura de outro, a escultura, o vidro pintado. O álbum de família revisitado sempre com a mesma ternura e histórias, muitas histórias
Sobrinhos, filhos, netos, bisnetos, amigos enchem a casa. Para cada um, uma atenção especial: o leite-creme, a carne assada, as ervas de molho, os lençóis bordados, a toalha de linho, as flores na mesa, as chávenas de café chinesas. Para cada um, um quinhão de batatas, cebolas, grelos e nabos da horta farta. E o raminho de flores do jardim, onde tudo parece crescer ao acaso, mas nada por acaso.
Gestos de fadas - os mesmos gestos com que bordam os tapetes que enchem a casa de flores e bichos e arabescos coloridos - habitam esta casa e confundem-se com ela, e com ela habitam em nós e habitarão sempre a nossa memória.

3. Kyrie

(..) Há quanto tempo não vejo o sol brilhante! Adivinho-o hoje através da claridade das paredes do corredor que vejo do postigo. O sol é belo! Os campos são belos! As cidades são belas, iluminadas pelo sol! Só a minha cela de cenobita não é bela! Contudo podia sê-lo se fosse voluntária a minha reclusão. Mas o que é uma reclusão voluntária?
Flausino Torres, Diário de Prisão, 21/XII/62


Em nome dos que choram, dos que sofrem,
Dos que acendem na noite o facho da revolta
E que de noite morrem, com a esperança nos olhos e arames em volta

Em nome dos que sonham com palavras de amor e paz que nunca foram ditas
Em nome dos que rezam em silêncios e falam em silêncio
E estendem em silêncio as duas mãos aflitas

Em nome dos que pedem em segredo a esmola que os humilha e destrói
E devoram as lágrimas e o medo quando a fome lhes doi

Em nome dos que dormem ao relento, numa cama de chuva com lençóis de vento
O sono da miséria terrível e profundo.

Em nome dos teus filhos que esqueceste
Filho de Deus, que nunca mais nasceste,
Volta outra vez ao Mundo.
Ary dos Santos


4. Glória

Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Porque Deus nos ama e o seu amor vê-se
no verde dos campos e no azul do céu.
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se na bravura do mar
e na pintura das flores
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se no trinar dos pássaros
e no rugir do leão.
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se na chuva que rega
e no sol que cria
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se no vento que limpa
e na neve que cresta
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Porque Deus nos ama e o seu amor vê-se, sobretudo,
na beleza dos homens e na beleza das mulheres
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se na fragilidade das crianças
e na sabedoria dos velhos
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se na abertura dos jovens
e na coragem dos adultos.
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se no amor dos que se amam
e no perdão dos que se ofendem.
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Vê-se na generosidade dos que se dão
e na fé dos que acreditam
Glória a Deus no céu
e, na terra, paz aos homens!
Porque Deus nos ama e o Seu amor vê-se renovado
Em cada dia que passa até ao fim dos tempos
Amén


5. Primeira leitura
LEITURA DO PRIMEIRO LIVRO DOS REIS
NAQUELES DIAS, DISSE O SENHOR A ELIAS: «UNGIRÁS ELISEU, FILHO DE SAFAT, DE ABEL-MEOLA, COMO PROFETA EM TEU LUGAR». ELIAS PÔS-SE A CAMINHO E ENCONTROU ELISEU, FILHO DE SAFAT, QUE ANDAVA A LAVRAR COM DOZE JUNTAS DE BOIS E GUIAVA A DÉCIMA SEGUNDA. ELIAS PASSOU JUNTO DELE E LANÇOU SOBRE ELE A SUA CAPA. ENTÃO ELISEU ABANDONOU OS BOIS, CORREU ATRÁS DE ELIAS E DISSE-LHE: «DEIXA-ME IR ABRAÇAR MEU PAI E MINHA MÃE; DEPOIS IREI CONTIGO». ELIAS RESPONDEU: «VAI E VOLTA, PORQUE EU JÁ FIZ O QUE DEVIA». ELISEU AFASTOU-SE, TOMOU UMA JUNTA DE BOIS E MATOU-A; COM A MADEIRA DO ARADO ASSOU A CARNE, QUE DEU A COMER À SUA GENTE. DEPOIS LEVANTOU-SE E SEGUIU ELIAS, FICANDO AO SEU SERVIÇO.
PALAVRA DO SENHOR.


6. Segunda leitura
ATÉ PARA CONSTRUIR O CÉU É PRECISO IMAGINAÇÃO
Um velho e sábio mandarim teve um dia o privilégio de visitar um outro mundo constituído por dois países: o País da Tristeza e o País da Alegria.
Visitou primeiro o País da Tristeza.
Por mais estranho que pareça, era um lugar lindíssimo, cheio de jardins, de aves raras, de lagos azulados e montanhas rosadas, cujos cimos brilhavam ao sol.
No centro do País da Tristeza, conduziram-no a um palácio maravilhoso, onde, numa esplêndida sala de jantar, eram servidas às pessoas as mais deliciosas iguarias confeccionadas com arroz.
No entanto, toda a gente tinha um ar famélico e infeliz. E o velho mandarim compreendeu porquê, quando reparou que para se servirem lhes tinham distribuído pauzinhos com dois metros de comprimento, com os quais lhes era obviamente impossível levar a comida à boca.
Angustiado com este espectáculo, pediu que o conduzissem depressa ao País da Alegria.
Aí, surpreendido, verificou que a paisagem era idêntica à do País da Tristeza.
E num palácio em tudo semelhante ao primeiro, encontrou o mesmo banquete, preparado com as mesmas iguarias.
Apenas no rosto das pessoas via uma expressão tranquila, saciada e feliz, que admirava tanto mais quanto os via empunhar os mesmos pauzinhos com dois metros de comprimento.
Observando melhor, notou então que cada pessoa, com seus pauzinhos, dava de comer à que se sentava de fronte.
(conto chinês)

7. Evangelho
EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO LUCAS
APROXIMANDO-SE OS DIAS DE JESUS SER LEVADO DESTE MUNDO, ELE TOMOU A DECISÃO DE SE DIRIGIR A JERUSALÉM E MANDOU MENSAGEIROS À SUA FRENTE. ESTES PUSERAM-SE A CAMINHO E ENTRARAM NUMA POVOAÇÃO DE SAMARITANOS, A FIM DE LHE PREPARAREM HOSPEDAGEM. MAS AQUELA GENTE NÃO O QUIS RECEBER, PORQUE IA A CAMINHO DE JERUSALÉM. VENDO ISTO, OS DISCÍPULOS TIAGO E JOÃO DISSERAM A JESUS: «SENHOR, QUERES QUE MANDEMOS DESCER FOGO DO CÉU QUE OS DESTRUA?». MAS JESUS VOLTOU-SE E REPREENDEU-OS. E SEGUIRAM PARA OUTRA POVOAÇÃO. PELO CAMINHO, ALGUÉM DISSE A JESUS: «SEGUIR-TE-EI PARA ONDE QUER QUE FORES». JESUS RESPONDEU-LHE: «AS RAPOSAS TÊM AS SUAS TOCAS E AS AVES DO CÉU OS SEUS NINHOS; MAS O FILHO DO HOMEM NÃO TEM ONDE RECLINAR A CABEÇA». DEPOIS DISSE A OUTRO: «SEGUE-ME». ELE RESPONDEU: «SENHOR, DEIXA-ME IR PRIMEIRO SEPULTAR MEU PAI». DISSE-LHE JESUS: «DEIXA QUE OS MORTOS SEPULTEM OS SEUS MORTOS; TU, VAI ANUNCIAR O REINO DE DEUS». DISSE-LHE AINDA OUTRO: «SEGUIR-TE-EI, SENHOR; MAS DEIXA-ME IR PRIMEIRO DESPEDIR-ME DA MINHA FAMÍLIA». JESUS RESPONDEU-LHE: «QUEM TIVER LANÇADO AS MÃOS AO ARADO E OLHAR PARA TRÁS NÃO SERVE PARA O REINO DE DEUS».


8. Credo

Creio nos anjos que andam pelo mundo
Creio num engenho que fala mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes
Creio que tudo é eterno num segundo
Creio num céu futuro que houve dantes
Na flor humilde que se encosta ao muro
Na ocupação do mundo pelas rosas
Creio que o amor tem asas de ouro.
Natália Correia


9. Oração Eucarística
9.1 Prefácio


É digno e justo que te louvemos
Pai de todos as pessoas.
Porque tu estás presente no mundo.
Ali onde a Pessoa tem os seus mais nobres sentimentos,
Tu estás.
No amor e no desejo de felicidade, na tendência à liberdade,
na busca da verdade,
na capacidade de sacrifício e da entrega,
ali estás Tu.
Não poderia amar ninguém, nem saber, nem ser feliz,
nem gozar de liberdade
se não fosse porque participa
do Teu amor e da Tua vida sempre nova
e da tua infinita liberdade.
Tudo está em nós.
Tu conheces cada um pelo seu nome.
Tu aceitas-nos como somos.
Por isso permite que Te cantemos o nosso louvor.
9.2 Santo
9.3 Consagração


9.4 Intercessões

Senhor,
Tu sabes melhor do que eu que estou a envelhecer e que um dia farei parte do grupo da “terceira idade”
Guarda-me do terrível hábito de pensar que devo sempre dizer algo sobre todas as coisas e em todas as circunstâncias
Liberta-me da obsessão de pretender pôr em ordem a vida dos outros
Torna-me sábio, mas não azedo; atento mas não autoritário
Parece-me um pecado não poder utilizar toda a minha experiência; faz que não repita infinitamente as mesmas coisas, e que não importune com conselhos irritantes...
Fecha os meus lábios sobre os meus males e achaques, embora eles aumentem cada vez mais, e faz que saiba sempre sorrir quando os enumerar.
Não gosto muito de certa santidade: alguns santos são tão difíceis de se lhes chegar!
Mas um velho cheio de amargura é certamente uma das invenções mais conseguidas do diabo
Torna-me capaz de descobrir o bem onde o houver, mesmo nos sítios onde menos espero.
E de encontrar qualidades nas pessoas que achava não tivessem
E concede-me de lho dizer com ternura
Oração Inglesa, séc. XVII

Não posso negar o que vi, o que cheirei, que senti, o que amei. Não posso negar que fui feliz, se fecho os olhos e sinto outra vez todos os instantes felizes. Não, não posso negar que atravessei rios contigo, que te ensinei o nome das estrelas, que ouvimos juntos os pássaros e o vento nas árvores, e caminhei pelas ruas de mãos dadas contigo e que houve outros momentos que não foram felizes mas que, mesmo então e mesmo longo dos corredores dos hospitais, havia uma luz ao fundo e essa luz indicava o caminho. Enquanto me lembrar, estarei vivo, porque esse é o mais certo indício de vida. Eu estarei vivo e, vivendo, não deixarei morrer quem caminhou comigo, ao longo do caminho.
Miguel Sousa Tavares, “Não te deixarei morrer, David Crockett”


Concede, Senhor, à Tua Igreja, em união com
O Papa Bento XVI e com o nosso Bispo Albino,
Em união com os santos que já estão na Tua presença,
Sobretudo a Virgem Maria,
A necessária valentia e fidelidade,
Para ser fermento de uma vida nova no meio da sociedade;
Faz-nos trabalhar em confiança,
Sabendo ver a tua presença
Nas pessoas, na Natureza, nas coisas e nos acontecimentos,
Enquanto caminhamos para o dia


10. Abraço da Paz – Canção dos Abraços

São dois braços, são dois braços
Servem p’ra dar um abraço
Assim como quatro braços
Servem p’ra dar dois braços

E assim por aí fora
Até quando for a hora
Vão ser tantos os abraços
Que não vão chegar os braços,
“prós” abraços…
Vão ser tantos os abraços,
Que não vão chegar os braços,
“Prós” abraços... “prós” abraços...


11. Comunhão – O Bom Pastor

Quando Te encontro descanso
Tu reconfortas minha alma

Cristo Senhor és o guia
O bom pastor que me conduz
Minha vida minha luz (bis)

O Teu caminho me guia
Para louvor do Teu nome Refrão

Não temerei os perigos
Pois sei que Tu estás comigo Refrão

O Teu festim me conforta
Faz-me cantar de alegria Refrão

12. Acção de graças

Tenho tanto para LHE agradecer
Que a eternidade não irá chegar

Porque ELE fez em mim maravilhas…
- A maravilha de ter-me feito livre, don@ dos meus destinos, responsável pelos meus actos, capaz de discernir entre o certo e o errado, senhor@ das minhas opções.

- Porque ELE me disponibilizou o necessário para eu próprio acrescentar e fazer crescer o que recebi.

- Porque ELE me rodeou de amigos feitos e de outros para fazer, dando-me a oportunidade de exercer a aprendizagem dos afectos, a dureza para chegar a eles e o consolo de os alcançar.

- Porque ELE me fez participante de uma longa caminhada que se faz entre as vidas das tias Fernanda e Cassilda e os netos que hão-de vir quando chegar a hora.

- Porque esse caminhar acompanhado me ensinou o valor da luta pela justiça, o desejo de viver livre de todas as opressões, a valorização das oportunidades que a desinstalação provoca e a alegria de voltar a pátrias de novas esperanças.

- Caminhada essa que me conduziu por trilhos solidários, mesmo ao pé da porta, enchendo-me a casa e a vida de bocas para alimentar e espíritos para educar, numa consolação de dores, num germinar de amores.

- Porque ELE participa das nossas vidas com infinito afecto, acompanhando a nossa juventude perene que apenas vive um pouco, parece envelhecer por for a e se mantém fresca e forte no profundo do coração e da mente.
Por tudo o que já sei e pelo que vou descobrindo do Seu amor…

Tenho tanto para LHE agradecer
Que a eternidade não irá chegar



13. Cântico Final – Tu não nos quiseste abandonar

Refrão
Tu não nos quiseste abandonar
Connosco prometeste caminhar

Senhor para ler os teus sinais
Olhámos em redor Senhor
Morrias nos jornais
Na cruz do teu amor Refrão

Senhor, queremos repetir
A tua criação Senhor
Queremos construir
A paz em comunhão Refrão

Senhor, é longa a caminhada
Rumo a Jerusalém, Senhor
Sê nosso camarada
Na luta pelo bem Refrão

domingo, junho 24

12º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Nascimento de S. João Baptista


As seguintes solenidades têm prioridade sobre o domingo quando caem no domingo: Nascimento de S. João Baptista (24 de Junho), S. Pedro e S. Paulo (29 de Junho), Transfiguração do Senhor (6 de Agosto), Assunção de Nossa Senhora (15 de Agosto), Exaltação da Santa Cruz (14 de Setembro), Todos os Santos (1 de Novembro) e Dedicação da Basílica de Latrão (9 de Novembro).

O cântico a S. João é conhecidíssimo em Pias (Baixo Alentejo), por estar ligado à tradição local dos «Jordões» por altura das Festas de S. João.


Refrão
SÃO JOÃO, FIEL ARAUTO,
ÉS DE JESUS O PRECURSOR
VENS PREGAR A PENITÊNCIA
E ANUNCIAR O SALVADOR.

1. Eu não sou quem suspeitais
Pois vai chegar o Rei Messias;
Sou a voz dos vossos pais.
Eu sou a voz das profecias. (Refrão)

2. Reparti vosso dinheiro,
O vosso amor, o vosso pão;
De Jesus sou Mensageiro
P’ra vos levar à conversão. (Refrão)


1º: Nascimento de João, o precursor no solstício de verão quando os dias começam a diminuir…
Nascimento de Jesus, o Sol; no solstício de Inverno quando os dias começam a aumentar…

O(a) cristão(ã) sente-se “recompensado(a) no momento do agir… e basta!... no dicionário cristão não existem as palavras ingratidão, melindre, homenagens…

2º: O nome “João” significa «O Senhor operou a graça, manifestou a sua bondade, a sua benevolência».
“Baptista” porque foi ele que começou a baptizar: até aí as pessoas baptizavam-se a si próprias.
Ninguém tem direito à salvação, à santidade… é da iniciativa de Deus… ninguém merece…

3º: João é profeta: o profeta bíblico não tem uma bola de cristal… mas vive unido ao Deus fiel («Zacarias» significa «Deus recordou-se» ou «Deus recorda» as suas promessas) e descobre a Sua presença sempre…João descobriu no Nazareno o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
O profeta lê “os sinais dos tempos”, anunciando e denunciando… nenhuma realização humana pode ser absolutizada… não ao fatalismo… esperança…

Cântico
Onde estão os profetas
Que noutros tempos nos deram
As esperanças e forças para andar
Onde estão os profetas
Que noutros tempos nos deram
As esperanças e forças para andar... para andar

Refrão
E NAS CIDADES
E NOS CAMPOS
ENTRE NÓS ESTÃO (bis)
NA CIDADE - ONDE ESTÃO
E NO MAR - ONDE ESTÃO
NA CIDADE - ONDE ESTÃO... ONDE ESTÃO

Simples coisa é a morte
Difícil coisa é a vida
Quando não tem sentido já lutar
Onde estão os profetas
Que noutros tempos nos deram
As esperanças e forças para andar... para andar (Refrão)

Ensinaram-nos normas
Para nos suportarmos
E nunca nos ensinaram a amar
Onde estão os profetas
Que noutros tempos nos deram
As esperanças e forças para andar... para andar (Refrão)

António Samelo

domingo, junho 17

11º Domingo do Tempo Comum - Ano C

O Amor=Deus é MAIOR e MAIS FORTE que o pecado:

(cf 4º Domingo da Quaresma - Ano C: 2007-03-18)

O perdão encerra UM segredo de alegria e humanidade!

Refrão
Dá-nos um coração
grande para amar!
Dá-nos um coração,
forte para lutar!

1. Homens novos, criadores da história,
Construtores da nova humanidade;
Homens novos que vivem a existência
Como risco dum longo caminhar.

2. Homens novos lutando em esperança,
Caminhantes, sedentos de verdade;
Homens novos, sem freios nem cadeias,
Homens livres que exigem liberdade.

3. Homens novos, amando sem fronteiras,
Não havendo mais raça nem lugar;
Homens novos ao lado dos mais pobres,
Partilhando com eles tecto e pão.

Um dos temas fundamentais do evangelho de Lucas é a manifestação que Jesus faz de si mesmo, como Aquele que salva os pecadores. Neste sentido, Ele proclama-se Deus, porque os judeus têm consciência de que só Deus pode perdoar os pecados.
O pecado é a morte da pessoa humana, porque é incomunicabilidade, é solidão: no interior do pecado há uma dinâmica de morte - a escravidão, a fome, a miséria, a vontade de destruição que vai da luta com arma branca à explosão atómica e aos armamentos, são os sinais visíveis do pecado.
A pessoa pode tirar a própria vida (não só a biológica) e pode tirá-la aos outros, mas não pode restituí-la nem a si nem aos outros. Cristo, perdoando, é a revelação de Deus como o AMOR gratuito, como “aceitação” radical da pessoa, como AMOR que restitui a vida. Jesus destrói a falsa imagem de Deus no qual “santidade” quereria dizer um “não” absoluto ao pecador. Deus é “não” absoluto ao pecado, mas não ao pecador.

Então, que pode fazer a pessoa pecadora?
“Crer” que é pecadora, que está morta (Natã ajuda David a tomar consciência disto - 1ª leitura) e crer no amor de Deus que nos é oferecido em Jesus. A salvação é a fé em Jesus (2ª leitura).
Quem procura esconder o próprio mal por detrás da observância exacta e rigorosa de normas e leis religiosas, talvez seja uma pessoa «perfeita», como os fariseus... mas será sempre incapaz de amar, de perdoar! A Igreja da Tri-Unidade, da qual fazemos parte, não é composta por «justos», por «perfeitos», mas por pecadores, que foram perdoados e que sabem que vivem continuamente necessitadas do perdão de Deus e dos irmãos e por isso mesmo são capazes também de perdoar! “...A Igreja (...) santa e sempre necessitada de purificação...” (Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição dogmática Lumen Gentium, n. 8).
Quem “aceita” ser amado gratuitamente, sem mérito seu, vive, torna-se capaz de amar e de enfrentar a vida. A experiência do perdão recebido é a experiência do grande amor de Deus (evangelho). O ser perdoado(a) é o motivo mais forte para amar mais a Deus, ao próximo e à natureza - e a pessoa, libertada pelo AMOR=Deus, torna-se libertadora! Para viver, temos mais necessidade do perdão de Deus que do pão que comemos.
O perdão encerra um segredo: o segredo de alegria e humanidade! Quem perdoa vive mais alegre e é mais humano(a)!

* * * * * * *

A propósito do perdão e porque como dizia Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”, não resisto a transcrever um dos textos mais lúcidos e operativos que li até hoje do teólogo dominicano francês DUQUOC Christian, Jesus, Homem livre. Esboço duma cristologia, Edições Paulistas, Apelação, 1974, pp. 110-118 (adaptado):

O perdão de Jesus liberta do ódio
A palavra «perdão» arrisca-se a induzir imagens que lhe desnaturam o sentido e que enfraquecem o acto de Jesus. Com efeito, não entendo por este termo nem o esquecimento (fecham-se os olhos, porque não se pode fazer de outra maneira e porque, antes de tudo, se quer salvaguardar uma paz “podre”; o esquecimento é um acto de fraqueza); nem a indiferença (esta é uma fuga perante a realidade: “tal pessoa morreu para mim, é como se não existisse”; o outro não tem “rosto”: há coisas mas não pessoas com quem se tenha laços reais e, portanto, nenhuma ameaça precisa); nem a ingenuidade (esta está pronta a tudo crer e, portanto, a tudo apagar). O perdão é um acto arriscado, é o acto dos fortes: existe onde alguém ameaça realmente uma outra existência, quer seja material ou psicológica, onde alguém lesa direitos. Não é, portanto, nem o esquecimento, nem a indiferença, nem a ingenuidade. É lúcido, pois aquele que perdoa julga que quem faz o mal - e esse mal contra ele - é menos pessoa do que ele que o sofre. Esse facto tem por fim romper a fascinação do mal, o «encerramento» do malfeitor em si mesmo; tem por fim despedaçar aquele círculo mágico no qual sossobra toda a comunicação real. É um acto arriscado, porque baseado na esperança de que a bondade, abrindo ao malfeitor um espaço diferente da sua lógica do mal, o fará ter acesso a uma escolha menos desumana.
O perdão é um acto de liberdade. Aquele que perdoa não se deixa dominar pelo mal segregado pelo adversário. Não cura a calúnia pela calúnia, a difamação pela difamação, o assassínio pelo assassínio, a mentira pela mentira. Cria uma outra relação. Esta é um apelo para que o mal não tenha a última palavra. O perdão é um acto criador: aceite, abre de novo ao malfeitor, e de maneira positiva, as relações sociais.
Jesus não perdoou abstractamente. Só pode perdoar ao verdugo aquele que foi torturado. Só aquele que foi objecto de ódio e vítima de sua sede de destruição pode manifestar a impotência do ódio, ao que o odeia, esperando que este acto seja criador duma nova história, para aquele que esteve sob o domínio do ódio. Se Deus perdoa aos criminosos, sem se ter identificado às suas vítimas, esse perdão é abstracto e não cria qualquer possibilidade nova na história, O perdão dado por Jesus, no momento da morte - «Pai, perdoa-lhes» -, é um perdão sobrecarregado de toda a sua história. Ele tinha sido perseguido, caluniado, escarnecido, desprezado, ridicularizado, condenado e morria como um criminoso e um blasfemo. Ao perdoar, Jesus espera que a lógica de morte, de que foi vítima, não tenha a última palavra. Esse perdão abre a possibilidade dum futuro e esse futuro já está inscrito na realidade da sua ressurreição. Deus faz seu o perdão dele, constitui-o Senhor, Messias, Juiz e Filho. É o seu gesto que exprime o que é Deus para o homem, porque este homem que perdoa é justificado por Ele. O verdadeiro justo é aquele que dá o perdão, não é aquele que cumpre a Lei. A oração que Jesus nos ensinou - «Perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos...» - exprime a medida com a qual nós já somos julgados.
O perdão abre um futuro. Se a morte é simbolicamente apresentada na Bíblia como a consequência do «pecado», é porque a morte significa a não comunicação, a irreversível destruição. O homem, que se encerra no ódio, deseja eliminar aquele que odeia, deseja fechá-lo na morte de tal maneira que deixe de existir para ele. A guerra, que não termina por uma negociação, só terá termo pela destruição dum dos antagonistas. Somente o perdão lhe enfrenta a lógica, mesmo nas suas formas mais atenuadas, imagens longínquas ou pervertidas do verdadeiro perdão: a negociação e o esquecimento. A história é possível com a condição de o ódio não responder ao ódio e de a injustiça renunciar mesmo a ser plenamente satisfeita. Somente o perdão, mesmo nas suas formas longínquas, cria uma novidade de relações que abre uma outra história.
Assim, no acto do perdão, surge a esperança de que aquele a quem se perdoa perceba a esterilidade da sua lógica destruidora ou da sua justiça implacável. Renunciando a suplicar a Deus que lhe extermine os inimigos, pelo seu poder e a favor daquele que lhe anunciava o Reino, Jesus dava testemunho do que é o Reino de Deus. Jesus abre o futuro para o próprio pecador, porque testemunha pelo seu perdão que ninguém está definitivamente encerrado no ódio e que o seu Deus é Aquele mesmo que anula todas as barreiras, perdoando aos que matam o seu Enviado. Neste acto, o perdão atinge todo o homem, pois Aquele que o pronunciou está vivo para sempre. Deus já não pode ser requerido para apoiar ódios de clãs, de raças, de classes. Nem sequer pode voltar a ser requerido como garante duma justiça implacável. Deus não pode ser invocado a não ser quando o perdão cria uma novidade de relações. Libertando-nos do ódio pelo seu perdão, Jesus liberta-nos da imagem opressiva do Absoluto.
O perdão é um acto da vida quotidiana. É um dado essencial das relações humanas. Estas nem sequer são duráveis a não ser que o perdão seja uma dimensão permanente da nossa vida. É um acto que Jesus integrou na sua atitude, conferindo-lhe, porém, uma profundidade que a banalidade quotidiana oculta. Esse acto de Jesus revela o mal que prolifera na nossa história e o trágico da nossa condição: é um homem justo, um profeta da liberdade e do amor, que matam. Evidencia igualmente a relativa impotência do perdão: o ódio não cessa de surgir e de ser assassino. Por isso é necessário, para a compreensão do carácter libertador do acto de Jesus, manifestar-lhe a consequência: aquele que foi injustamente crucificado e que perdoou é Senhor e doador do Espírito. Jesus, pela sua ressurreição, dá testemunho da infinita eficácia do perdão, pois este mantém-se o princípio activo da história até desaparecer o poder do ódio. Sem a Ressurreição Jesus seria uma figura nobre. A Ressurreição, pela ratificação divina do seu perdão, fundou a esperança de que Deus, sendo o Deus que perdoa e se opõe a todos os ódios, pelo seu Espírito que é o de Jesus, transformará os homens de tal maneira que deixarão de ser os agentes do ódio.

Perdão: a Fatinha e o Rui Marques disseram-no há tempos de uma forma lapidar - perdoar é viver “sem mágoa”!

Perdão, conflitos e libertação
O perdão de Jesus moribundo é um perdão pronunciado por Aquele que abriu o Reino de Deus. Baniu para sempre a imagem de Deus que o homem sujeitou aos seus interesses destruidores. Ratificado por Deus na Ressurreição de Jesus, esse perdão abre o que parecia fechado indefinidamente: mesmo se for o maior malfeitor, homem algum é privado de acesso junto do Deus de Jesus. O perdão de Jesus encerra a esperança de que a sua bondade, o seu amor, a sua liberdade hão-de aniquilar para sempre a obsessão do mal e a recusa de comunicação. O dom do Espírito tem por fim tornar concreto esse perdão, na conversão do coração. Não é a dureza do pecador que determina o comportamento de Deus, mas a sua bondade.
Seria, portanto, um erro fazer do perdão de Jesus um acto exemplar das relações sociais, que iria banir todas as lutas pela justiça, aguardando que o explorador se convertesse. O acto de Jesus é o acto dum homem que enfrentou o mal, sob todas as suas formas. O seu perdão tem valor, precisamente porque ele não teve receio de dizer a verdade e de tomar partido: «Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça»: A justiça superior não consiste em destruir o malfeitor, mas em libertá-lo do seu desejo destruidor. O perdão não consiste em deixá-lo perseverar nesse mau desejo, mas em abrir-lhe a possibilidade duma outra relação. O perdão de Jesus revela, simultaneamente, a profundidade do mal e a altura da sua esperança. Nem a sua palavra, nem os sinais, nem a sua autoridade, nem a sua liberdade, mudaram o coração dos seus adversários. E os evangelhos fazem alusão à cólera de Jesus, perante tal dureza. Jesus sabe que o poder também não terá mais valor: não mudaria essa dureza. Pelo contrário, poderia justificá-la. Somente o acto mais oposto a essa dureza pode esperar despedaçá-la: o perdão daquele mesmo que é perseguido.
O perdão de Jesus não é uma caução dada ao opressor, para continuar a oprimir, nem uma ilusão pregada ao oprimido, para não tomar em mãos a causa da sua libertação. Seria compreender mal aquilo de que se trata na Paixão de Jesus, se nela discerníssemos a condenação da luta de classes, da legítima defesa, do empreendimento revolucionário. O acto exemplar de Jesus não é um programa político ou uma regra de governo social. Manifesta que toda a justiça é relativa: não pode impedir o malfeitor de ser malfeitor, não pode fundar com ele uma relação criadora. E, assim, a dinâmica do perdão actua em todo o empreendimento, mesmo que seja uma revolução violenta, que pretenda estabelecer novas relações e não somente realizar substituições de poder.
A coragem de Jesus na sua esperança não é separável da sua lucidez e das suas exigências. O perdão não é um «deixa correr»; é a maior exigência de conversão, pois é dado por Aquele que sentiu, até na própria carne, o horror do mal.
A nossa reflexão tinha, por ponto de partida, a noção de «redenção» (libertação).
Descobrimos que Jesus nos torna livres, relativamente ao destino tecido pelo pecado. O termo «libertação» está na moda e, por isso, é necessário precisar as consequências do que acabámos de dizer. Fala-se, com efeito, de libertação política, social, cultural, sexual. O homem contemporâneo sente-se oprimido ou reprimido. Tem consciência de não ser livre e aspira à liberdade. Atribui causas diferentes à sua escravidão: para uns, é o sistema económico que, pela alienação produzida, priva o homem de toda a liberdade real; outros acusam a crise de civilização e outros, finalmente, dão razões psicanalíticas. Perante esta proliferação de escravidões, o crente sente-se tentado a discernir um mal-estar que proviria da ausência de ideais e do desaparecimento dos valores religiosos. Vai até propor Jesus como remédio para o mal actual. Assim compreendida, a libertação concedida por Jesus é uma ilusão.
Jesus não propõe um programa social, cultural, sexual. Não dá um remédio milagroso que, em todas as circunstâncias e em todos os lugares, fizesse com que a humanidade atingisse o sentimento da própria liberdade. Jesus recusou-se a tomar o poder, não propôs qualquer lei e, ressuscitado, não transformou, por um acto de poder, as nossas condições materiais: incita-nos a sermos os criadores da nossa história, pois nos liberta da obsessão dum Deus para o qual a ordem fosse o bem supremo. Abre um espaço novo do encontro com Deus: o nosso mundo, tal como o fizermos nós mesmos, na alegria ou no medo, na fantasia ou no enfado. Deus está onde vive, chora, se recreia, trabalha, cria, morre o nosso semelhante. Lei alguma define este modo de relação de que somos responsáveis.
Sendo libertados das imagens opressivas de Deus, libertados da oposição ancestral e ainda dominante entre Deus e o homem, somos libertados do recalcamento em nós mesmos do mal que produzimos. Jesus despedaçou o destino cósmico ao qual os próprios deuses antigos estavam submetidos; mas o destino mais trágico é o que forjamos nós mesmos, pelo mal que produzimos e cujas consequências são irreversíveis. Pode criar vergonha e desespero, ódio de nós mesmos. Este destino é despedaçado, porque alguém perdoa e se abre um novo futuro. E, assim, o «pecado», princípio «homicida» segundo S. João, recusa de co-existir, já não tem a última palavra. Se S. Paulo viu, na «morte» de Jesus, a destruição da morte, quis dizer com isso que nenhum destino está tão bem fechado que não possa voltar a ser aberto por uma nova criação. Assim Jesus torna-nos livres relativamente a nós mesmos, porque o que seria irreversível sob o nosso julgamento, torna-se ponto de partida sob o perdão. Nada exprime melhor esta certeza do que o hino escrito por S. Paulo:

“Se Deus está por nós, quem estará contra nós?
Deus, que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas?
Quem acusará os eleitos de Deus, se Deus os justifica?
E quem os condenará, se Cristo Jesus morreu e, mais ainda, ressuscitou, está à direita de Deus e intercede por nós?
Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada?
Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos amou.
Na verdade, eu estou certo de que nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro, nem as Potestades, nem a altura nem a profundidade nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rom. 8, 31b-35.37-39).

Cântico
Eu deste monte estou a ver o mar
Um mar de gente que não tem um lar
É um sobejo é um sobejo baixo
Canção tão triste paira sobre as ondas
É o lamento de homens a chorar
É um lamento é um lamento o mar

Refrão
Quem vê as ondas
Quem vê as ondas do mar
Não fica em terra
Não fica em terra a olhar

Lá mais ao fundo longe deste pranto
Vive uma gente que não sabe amar
É um tormento é um tormento amar
Vivem num reino feito de cristal
Vivem de sonhos sem querer olhar
Este sobejo este sobejo baixo (Refrão)

Na noite escura vem um monstro irado
Consome as vidas deste mar humano
É deste reino é deste reino o mal
É deste monstro que vive o cristal
E os dois combinam ter um povo em pranto
Esquecimento esquecimento brando (Refrão)

Canção tão triste paira sobre as ondas
Será um hino de libertação
Não será pranto não será pranto o mar
E o cristal será quebrado e o mar
Terá nas mãos um monstro domado
É deste reino, é deste reino o bem (Refrão)

Refrão final
Quem vê as ondas
Quem vê as ondas do mar
Não fica em terra
Não fica em terra a olhar
Quem vê as ondas
Quem vê as ondas do mar
Não fica em terra
Tem Deus que o manda avançar

António Samelo

domingo, junho 10

10º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Em cada domingo do Tempo Comum somos convidados(as) a celebrar uma dimensão da Igreja da Tri-Unidade, que somos.

Neste 10º domingo:

Refrão
Eu voltarei a cantar
O amor e a esperança
Eu voltarei a cantar
Os caminhos para a paz

1. Quando os frios chegarem
As flores morrerão
Mas com a Primavera
De novo renascerão
Talvez me vejas chorar
Quando um amigo parte
A morte leva-me os meus
Mas eu sei que voltarão (Refrão)

2. Talvez me vejas morrer
Talvez me vejas partir
Não chores se és amigo
Voltar-me-ás a encontrar
Não sei onde nem quando
Mas será num lugar
Onde não haja grades
E onde possa cantar (Refrão)

Somos testemunhas da esperança, porque Jesus é o Senhor da Vida
Diante de uma morte inexplicável ou de uma desgraça, ainda hoje, muitos falam de "castigos de Deus" e acham que Deus manda doenças para punir os pecados (1ª leitura). Quem se comporta assim não tem fé no Deus da Vida. Deus é bom e quer a vida e a felicidade de todose todas: nunca castiga ninguém!
A vida que o cristianismo propõe é só uma - a morte é um “berço” onde desabrocha mais vida, a vida plena.

Jesus, Senhor da Vida
Quando, no versículo 22 do mesmo capítulo 7, Jesus disser, para definir a sua identidade: “os mortos ressuscitam”, enunciará um facto já acontecido. Esta esperança messiânica baseava-se em Is 61, 1; 55, 5-6; 26, 19. Neste contexto, o judaísmo previa - para o fim dos tempos e a inauguração da era messiânica, em que o Messias curaria todos os sofrimentos e deficiências humanas - uma ressurreição geral dos filhos de Israel mortos anteriormente, e esperava que Elias voltasse à terra para presidir à inauguração desses tempos.
Mas o milagre que Jesus faz de reanimar um cadáver, embora revele o domínio sobre a morte, não é senão um sinal: é apenas uma vitória momentânea, não definitiva. A libertação total da morte e de todo mal e, portanto, a “salvação definitiva da vida” só acontece na “ressurreição de Jesus”.
A ressurreição de Jesus não é uma reanimação dum cadáver, mas uma “animação” nova, gloriosa, diferente daquela da encarnação. É a entrada de Cristo numa condição de existência. A ressurreição de Jesus é o acto divino por meio do qual Deus nos salva hoje e à humanidade inteira na nossa existência humana. A salvação não está, pois, na pessoa humana ou na humanidade inteira, nem no seu desenvolvimento progressivo, ainda que prolongado até ao infinito.
É necessária uma “passagem”, uma intervenção divina absolutamente nova; a passagem da pessoa humana para e em Deus, isto é, a páscoa de Cristo, que o Pai realiza no seu Filho feito carne. Passagem da pessoa humana para e em Deus, que abarca a pessoa toda, a história e o universo. No evangelho, Lucas, iluminando com luz pascal a narrativa do milagre, diz: “O Senhor teve compaixão dela”. Descreve um grande acontecimento humano: o encontro da morte e da Vida. Nos caminhos da cidade de Naim dois cortejos se encontram: Jesus compadece-se da mãe viúva (que representa toda a humanidade abatida e desesperada), interrompe a caminhada para a morte e diz à mãe: «não chores» e ao filho: «levanta-te!»
O pranto torna-se um canto de alegria e todos glorificam o Senhor, exclamando: «Um grande profeta surgiu entre nós e Deus VISITOU o seu povo». A grande novidade não foi adiar a morte por alguns anos, mas o que o facto encerra: a morte foi vencida... Jesus é o SENHOR DA VIDA. Ele não abandona a pessoa humana nas garras da morte, mas ressuscita-a a fim de que viva para sempre: «A glória de Deus é o homem vivente» [SANTO IRENEU (135/140-204)].

Testemunhas da Esperança
Em Cristo Jesus, o futuro já é presente. Contemplando o mundo, esse teatro imenso onde se desenrola a acção maravilhosa da pessoa humana, temos alternadamente a sensação de um gigantesco e assustador vazio ou de uma realidade absoluta e consoladora. Depende de como o encaramos; se olharmos com os olhos da fé na ressurreição, isto é, da fé em que o mundo e a história estão salvos para sempre do esvaziamento do não-ser, permanecemos confiantes, porque a nossa história é, no tempo, a história da morte e ressurreição de Jesus. A humanidade tem diante de si não o nada sem fim, mas a vida plena sem fim. Cristo ressuscitado é o futuro da pessoa humana.
Por isso, no teatro deste mundo seremos testemunhas da esperança, porque testemunhas do Senhor da Vida, quando quotidianamente:

• acontecer ressurreição na família, na escola, no trabalho e na coragem das decisões;
• os critérios das bem-aventuranças e do sermão da montanha (cf Mt 5─7) predominarem sobre os da corrupção e da mentira;
• o coração das pessoas e simultaneamente as estruturas se forem transformando (ainda que lentamente!);
• a Palavra, a Eucaristia e o Perdão criarem uma pessoa nova.

Não é o mundo que precisa de cura! É a pessoa!

Refrão
Nós cremos, Senhor,
que Tu nos dá a mão
cada instante, cada dia;
Nós cremos, Senhor,
que temos Teu amor
a viver dentro de nós!
Nós cremos, Senhor,
que a terra vai p’ra Ti,
cada instante, cada dia;
Nós cremos, Senhor,
que vives entre nós
no amor que nos uniu!

1. Quando caem as fronteiras
E se calam os canhões;
Quando a espr’ança florescer
Nós sabemos que Tu vens!
Quando p’ra findar a guerra
Nem vencidos nem vencedores;
Quando a paz vem do amor
Nós sabemos que Tu vens!

2. Quando não há mais impérios
Nem separações raciais;
Quando se pode escolher
Nós sabemos que Tu vens!
Quando o pão chega p’ra todos,
A escola e a habitação;
Quando os pobres são promovidos
Nós sabemos que Tu vens!

3. Quando o salário é justo
E há trabalho p’ra cada lar;
Quando o lucro é dividido
Nós sabemos que Tu vens!
Quando dispensada a esmola,
A justiça triunfar
Verdadeira caridade
Nós sabemos que Tu vens!

4. Quando há chefes responsáveis
E seu lema é só servir
E há p’ra todos liberdade
Nós sabemos que Tu vens!
Se o cristão se compromete
Este mundo transformar;
Quando a Igreja tem coragem
Nós sabemos que Tu vens!

António Samelo

Acção de Graças

O senhor João Sanches suicidou-se.
Era pai da Ana Rita.
Era doente bipolar e o que foi sofrimento na sua vida, terminou.

Que agradeceremos num dia assim?

- Pois agradeçamos, ao Senhor da Vida, todas as nossas vidas. As saudáveis e as doentes, as vidas realizadas e as vidas sofridas.

- Pois agradeçamos esta vida que passou mais perto de nós do que demos conta, seguramente mais necessitada da nossa ajuda do que aquela que lhe soubemos dar.

- Pois agradeçamos a solidariedade que somos capazes de realizar no dia-a-dia. Nem sempre toda, nem sempre muita, mas sem nunca perdermos a certeza do amor ao próximo e ao longínquo.

- Pois agradeçamos a Maria Rita, esposa do senhor João, mãe da Ana Rita. A sua vida de carinho ao lado de quem sofreu por longos anos.

- Pois agradeçamos a Ana Rita, nossa companheira de viagem nesta Comunidade de Acolhimento. Lado a lado na dor e no absurdo, dulcifiquemos a primeira, signifiquemos o segundo.

- Pois agradeçamos o João Luís, amor da Ana Rita, sua paz de sempre, sua força presente e futura.

- Pois agradeçamos, também, o Zé Filipe e a Inês que hoje receberam o Sacramento do Crisma, a força suavíssima e exigente do Santo Espírito.

- Pois agradeçamos, por fim, mas sem nunca encerrar o agradecimento, todas e todos os que aqui estamos. Somos as vozes que cantam a alegria de sermos chamados filhos de Deus.

Augusta Mateus e José Carlos Patrício

segunda-feira, maio 21

Acção de Graças

Foi-nos pedido que preparássemos o momento de Acção de Graças para a Eucaristia de hoje! Quisemos fazê-lo dando conta das coisas boas que se passaram ao longo desta semana, desde o mais particular, ao global. Se quiserem, o glocal!...
Recolhemos, então, alguns testemunhos, notícias,... e oferecemo-los como oração.
Rute Soares e João Marujo

Uma semana de coisas boas (porque nem só de "desgraças" vivem as notícias!)...

2ª feira, 14 de Maio
Saber bem
As notícias que pingam, as decisões que se tomam, a pressão do fecho, uma equipa que arrisca sê-lo, sem recusas como as que conheci. Não eram apenas saudades.”
Miguel Marujo [no dia em que recomeçou a trabalhar, depois de 9 meses de desemprego], http://cibertulia.blogspot.com/

Um gás com dupla personalidade
Chama-se ao monóxido de carbono "o assassino silencioso", porque é um gás sem cor nem cheiro mas altamente tóxico. A capacidade de asfixiar quem o respira granjeou-lhe a classificação como poluente atmosférico. Mas o monóxido de carbono tem uma dupla personalidade: desempenha também um papel importante em vários
processos biológicos. Tem propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes e vasodilatadoras que estão a chamar a atenção dos cientistas por causa do seu potencial uso terapêutico. […]
A equipa de Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), estuda a actividade terapêutica do monóxido de carbono nos processos inflamatórios, e em particular no papel da enzima hemoxigenase 1 (HO1). "Esta enzima degrada o heme, uma molécula da hemoglobina dos glóbulos vermelhos, que contém ferro e participa no transporte do oxigénio para os tecidos", explica um comunicado do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa, ao qual pertence Maria Mota, a outra coordenadora do trabalho. A sua equipa concentra-se na forma como a malária, causada por um parasita unicelular do género Plasmodium, escapa às defesas do sistema imunitário, desencadeando uma doença que pode levar à morte - e que não gera imunidade, pode sofrer-se de malária várias vezes.”
Clara Barata, Público

3ª feira, 15 de Maio
Doutoramentos – Aveiro, Minho e Porto juntam-se
Trata-se uma parceria inédita no país. Os reitores das universidades de Aveiro, Minho e Porto apresentam na próxima quinta-feira os primeiros programas conjuntos de doutoramento. Os protocolos abrangem as áreas de Informática, Telecomuunicações, Ciências do Mar e Ambiente e Geociência (estes dois últimos doutoramentos envolvem apenas as universidades de Aveiro e Porto). Os quatro programas doutorais deverão arrancar já no próximo lectivo e serão ministrados, alternadamente, nos campus envolvidos.”
Público

Cimeira do G8 – Bono quer África na agenda
Bono esteve na Alemanha a pressionar para que o encontro do G8 no próximo mês seja aproveitado para conseguir mais ajuda para África. […] A chanceler alemã garantiu a Bono que África será um dos temas importantes no encontro entre os sete países mais industrializados e a Rússia. Bono lembrou ontem que reuniões anteriores do G8 tiveram grande importância para questões africanas, como o perdão de grande parte das dívidas do ano passado. […]”
Público

4ª feira, 16 de Maio
a pomba de deus
Na Irlanda do Norte, mais de 3500 pessoas morreram numa guerra sem quartel entre as comunidades católica e protestante nos finais do século XX. Agora parece chegado o tempo de ensaiar a paz. Não foi Deus que segurou o braço da espada, de nenhum dos lados da guerra. Mas pode Deus ser o alicerce mais fundo desta paz a construir-se. Aos crentes cabe louvar o Deus da paz e repudiar a apropriação de Deus pelos que fazem a guerra. Na Irlanda, como em todo o mundo.”
Manuel Marques, http://palombellarossa.blogspot.com/

Coimbra põe documentos dos últimos 550 anos na Internet
O Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC) anunciou a disponibilização pública, em meados de 2008 e através da Internet, de mais de um milhão de registos de nascimentos ou casamentos, entre outros documentos dos últimos 550 anos.
"O projecto é, todo ele, gigantesco. São mais de um milhão de documentos e 570 mil imagens, livros que perfazem 75 metros lineares", disse à agência Lusa Maria José Santos, directora do Arquivo da Universidade de Coimbra.
Entre os documentos a digitalizar e disponibilizar na Internet contam-se 13 mil livros paroquiais respeitantes a nascimentos, casamentos e óbitos no distrito de Coimbra, desde 1459 (século XV) até à actualidade.
Cerca de 21 mil fichas de registos notariais - escrituras de compra e venda de propriedades, testamentos ou doações -, do mesmo período, integram igualmente o projecto.
"Estamos a falar de informação do mais alto valor histórico, genealógico e demográfico. Trata-se de levar o conhecimento destas fontes históricas ao maior número de pessoas em todo o mundo, 24 horas por dia", frisou a responsável do AUC. […]”
Público

5ª feira, 17 de Maio
Coimbra comemora Dia Europeu dos Vizinhos
A iniciativa nasceu em França em 2000 e promove a fraternidade e o entendimento

Coimbra promove no dia 29 o Dia Europeu dos Vizinhos, com a realização de convívios em 32 locais da cidade, organizados por associações, cooperativas, grupos de moradores, restaurantes e diversas instituições.
"Trata-se de uma iniciativa cívica, de promoção da fraternidade e do entendimento entre pessoas e de combate a situações de isolamento e solidão, em que as pessoas são sujeitos organizadores", explicou […] Jorge Gouveia Monteiro, responsável pelo pelouro da acção social. […]
No âmbito do evento, são as associações, cooperativas, grupos de moradores, restaurantes e instituições a organizarem as actividades de convívio nas ruas, praças, bairros e freguesias da cidade, que incluem espectáculos musicais, merendas e peças de teatro.
O papel da autarquia passa pela promoção, divulgação, apoios ao nível de animação cultural. […]”
Público

CHILE – Governo receberá a Agenda de Direitos Humanos do Bicentenário
Hoje (17) e amanhã (18), organizações, movimentos, agrupamentos e indivíduos encabeçados pela Anistia Internacional farão a entrega do documento de síntese da Agenda de Direitos Humanos do Bicentenário ao Ministro da Defesa Nacional, o Sr. José Goñi Carrasco, e à Ministra do Planejamento e Cooperação, a Sra. Clarisa Hardy.
Em 2010, o Chile celebrará 200 anos de vida republicana, motivo pelo qual foram geradas diversas ações para comemorar a data. Muitas delas estão baseadas na meta de marcar um avanço no desenvolvimento do Chile, incluindo o tema dos Direitos Humanos.
Depois de 18 anos, desde o início da recuperação democrática, já não há motivos para mais demoras e é necessário mobilizar novas iniciativas na promoção e proteção ampla dos Direitos Humanos. […]”
Adital, http://www.adital.com.br/site/conteudo.asp?lang=PT&ref=visita/

6ª feira, 18 de Maio
Investigadoras portuguesas esclarecem mistério biológico com mais de um século
Quase todas as células humanas têm uma espécie de torre de controlo, como nos aeroportos. Pouco antes de se dividirem, têm de fazer uma segunda torre de controlo para a nova célula. Até agora, pensava-se que a torre velha tinha de servir de molde para a nova. A equipa de Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Oeiras, descobriu que, afinal, essa construção se faz a partir do nada - um avanço científico publicado hoje na revista Science, que pode dar pistas sobre o cancro e a infertilidade masculina.
As torres de controlo das células, a metáfora de Mónica Bettencourt Dias para designar os centrossomas, foram descobertas no século XIX. Alexander Fleming, o descobridor da penicilina, foi o primeiro a ver estas estruturas minúsculas da célula - ao microscópio, porque têm cerca de 0,5 mícrons (a espessura de um cabelo humano é entre 50 e 100 mícrons). Mas foi o biólogo alemão Theodor Boveri quem percebeu, em 1888, o papel destas estruturas. Considerou-as o órgão especial da divisão das células e levantou a hipótese de que podiam estar envolvidas no cancro, que se caracteriza por uma multiplicação anormal das células.
De facto, os centrossomas regulam a divisão das células. Nessa altura, as células têm de criar tudo em duplicado (embora se descobrisse, em 2001, que certas células se dividem sem precisar de centrossomas). Depois, é como se entre os dois centrossomas (um para cada célula filha) existisse uma corda e cada um puxasse para seu lado os cromossomas.
Os centrossomas também são cruciais para a forma que a célula irá ter: "É uma estrutura muito importante para formar o esqueleto celular, seja a cauda de um espermatozóide ou a estrutura de qualquer uma das nossas células, que é regulada pelos centrossomas", explica Mónica Bettencourt Dias.
A equipa da investigadora portuguesa encontrou a resposta para a pergunta que anda na cabeça dos biólogos desde o século XIX: como é que se forma o centrossoma? "Pensava-se que esta estrutura, que já estava na célula, servia de molde para o novo centrossoma. Mas não é assim", diz Mónica Bettencourt Dias. "Basta ter as "plantas" da torre de controlo. Não é preciso ter um molde, por isso esta estrutura é mais fácil de se formar do que se pensava."
A "planta" de construção a que a investigadora se refere é uma molécula, a proteína SAK. E a prova de que ela permite efectivamente a formação dos centrossomas de raiz está nas experiências efectuadas pela equipa em ovócitos de moscas-do-vinagre […]”
Teresa Firmino, Público

“mestiçagens
Vi os indígenas Maias a serem acolhidos nas suas preces e oferendas em templos católicos na Guatemala. E pensei que ser católico é sempre abrir-se à multiplicidade de registos culturais que a fé encarna. O diálogo da fé com as culturas tem que ser de grande abertura e humildade, sem a arrogância de querer disciplinar a torrente da vida. Ser crente é muito mais do que defender um qualquer código cultural. Uma fé aprisionada pelo pó acumulado de visões culturais é ela própria um cárcere.”
Manuel Marques, http://palombellarossa.blogspot.com/

A Gigi libertou-se de uma sociedade que a "amarrou" e lhe prejudicou a saúde e a vida profissional durante anos.

Sábado, 19 de Maio
Sobe e desce – D. Manuel Clemente
Não podiam ser mais certeiras e oportunas as considerações deixadas esta semana pela nota pastoral do novo bispo do Porto. Recordando a visita de João Paulo II à cidade, o prelado aproveitou para chamar a atenção para o reconhecimento da dignidade de quem trabalha, lembrando que nestes 25 anos pouco se alterou nas difíceis condições que enfrenta a população nesta área. Do desemprego às poucas qualificações, D. Manuel Clemente conclui que são poucas as boas notícias. Já se sabia, mas nem todos têm coragem de o assinalar.”
Público

Lei da nacionalidade fez 320 novos portugueses nos primeiros cinco meses
É a primeira vez que terão tratamento "VIP": 320 ex-imigrantes foram convidados, pelo Governo português, a estar amanhã no Mosteiro dos Jerónimos para receber com pompa e circunstância um certificado de nacionalidade, uma bandeira nacional e uma Constituição da República. Eles são os primeiros beneficiários da nova lei da nacionalidade, que entrou em vigor a 15 de Dezembro passado.
A "cerimónia da nacionalidade portuguesa" será presidida pelo primeiro-ministro, José Sócrates, que elegeu a imigração como um dos temas fortes da presidência portuguesa da União Europeia. […]
Um dos requisitos exigidos pela nova lei aos estrangeiros que não tenham nascido em Portugal é a prova do conhecimento da língua, o que tem sido feito, na maioria dos casos, por via de exames […]. Realizaram-se já três rondas a que compareceram cerca de cinco mil imigrantes, dos quais mais de quatro mil obtiveram nota positiva. Para hoje está marcada mais uma prova [em que] estão inscritos […] 2744 imigrantes.
A nova lei permite a aquisição da nacionalidade aos estrangeiros que residam legalmente em Portugal há seis anos - antes, o período mínimo era de dez anos - e demonstrem conhecimento da língua. Também podem adquirir a nacionalidade os estrangeiros que estejam casados ou vivam em união de facto com um português há três anos. O diploma permite ainda a atribuição da nacionalidade aos cidadãos nascidos em Portugal, que sejam filhos de estrangeiros também nascidos no país ou que tenham pelo menos um dos pais residente há mais de cinco anos.
Clara Viana, Público

O Raimundo chegou da sua comprida viagem.

Domingo, 20 de Maio
Museus Novas enchentes portuguesas em dia de comemoração
Nos últimos três anos, o Dia Internacional dos Museus tornou-se numa verdadeira instituição em Portugal. Com entrada gratuita, ontem, museus de todo o país encheram-se de actividades para públicos de todos os tipos, mas sobretudo as famílias. De simples visitas guiadas às exposições em curso a piqueniques, ateliers, concertos e peças de teatro, milhares de pessoas puderam usufruir de espaços que frequentam pouco durante o resto do ano. Em Lisboa, e apenas até às 18h, o Museu Nacional de Arqueologia, que tinha visitas guiadas às suas mostras e acervos, já tinha registado cerca de 3,3 mil entradas. Muita gente, uma verdadeira enchente, para um espaço que no sábado de um fim-de-semana normal faz à volta de 500 entradas. É mais do triplo dos visitantes que o museu faz nos melhores do seu melhor dia, o domingo, quando recebe pouco mais de mil visitantes. Até à 1h da madrugada deste domingo, hora a que as portas do museu fecharam, eram esperadas bastantes mais pessoas. No Chiado, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, que a partir das 18h tinha visitas guiadas de meia em meia hora à exposição dedicada a Columbano Bordalo Pinheiro, o grande pico de público era esperado para depois do jantar - a primeira visita teve 30 pessoas.”
Público

Ramos-Horta, um Presidente à procura da coesão nacional
Paz, pão, educação, independência nacional: alguns dos desafios de Ramos-Horta na chefia do Estado

Quando o prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, de 57 anos, se sentar, hoje, pela primeira vez, na cadeira presidencial, no seu gabinete do Palácio das Cinzas, em Díli, encontrará uma pilha de dossiers qual deles o mais escaldante: desalojados, ex-peticionários, major Reinado, reestruturação das forças de defesa e das polícias, pobreza, desemprego.
Cada um deles está ligado àquilo que personalidades portuguesas, ouvidas pelo PÚBLICO, designam por "coesão nacional", apontando-a como um dos três maiores desafios do seu mandato.
Adelino Gomes, Público

domingo, maio 20

CREDO

Deixamos aqui, também, o Credo que hoje rezámos na Celebração! Para orar e reflectir...


CREDO

Creio na dignidade de todos os seres humanos sem qualquer excepção, centelhas que são da luz divina.

Creio na absoluta necessidade de tolerância política e religiosa para que a vida em sociedade seja possível.

Creio que não é preciso afirmar que se crê para que a Fé exista, porque a Fé não é uma proclamação verbal, tem Fé o que se dedica ao próximo supondo que é ateu, não tem Fé o que bate com a mão no peito, mas fecha os olhos para os dramas humanos.

Creio que a Fé exige o nosso esforço para construir uma sociedade na qual vicejem condições adequadas de vida para todas as pessoas.

Creio na paz e no respeito entre as nações.

Creio no Direito como veículo de convivência entre os diferentes.

Creio que nenhuma religião tem o monopólio da verdade pois Deus sopra a verdade onde quer soprar.

Creio que ressurgiremos das cinzas para usufruir da herança prometida aos que constroem pontes de solidariedade, aos que buscam a valorização das pessoas, aos que se opõem aos preconceitos e discriminações, aos que perdoam, aos que se compadecem, aos que amam.

João Baptista Herkenhoff
Maio 2007

Ascensão do Senhor - Ano C

Mais um dos textos que o Samelo nos tem preparado para apoiar as nossas reflexões!...


O céu é Alguém
Interpretando teologicamente a Ascensão de Jesus, os anjos recomendam os anjos que não se fique a olhar para o céu, mas que se espere e prepare a última vinda do Senhor Jesus. Esta é, até o fim dos tempos, a missão da Igreja, em tensão entre o visível e o invisível, entre a realidade presente e a futura cidade para a qual caminhamos (cf Sacrosanctum Concilium 2).
A fórmula do Credo (Símbolo dos Apóstolos): “Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita do Pai”, exprime a fé pessoal da Igreja no destino de Jesus de Nazaré. Este homem, com o qual os apóstolos “comeram e beberam” durante sua existência terrena, “tornou-se Senhor” depois de sua morte, porque o Pai o associou definitivamente à sua vida, ao seu poder sobre a humanidade e sobre o mundo. Vivo, depois de sua paixão, está ele presente entre os seus numa nova dimensão, e anda com eles nos caminhos do mundo, para onde os envia como testemunhas da ressurreição: está presente e ausente.
No Novo Testamento a Ascensão de Jesus (bem como o Pentecostes e a Parusia) formam um todo com a Sua ressurreição!
No Evangelho de Lucas a ascensão, embora parecendo separada da ressurreição, não recebe nenhuma precisão cronológica, antes é apresentada como conclusão das aparições terrenas do Ressuscitado e ligada ao início da missão da Igreja (como Mc 16, 15-20).

“Elevação à direita de Deus”
≠ rapto para um império ultra terreno, afastamento do mundo;
= estar junto de Deus, encontrar-se na dimensão de Deus, novo modo de estar próximo de nós.

“Quarenta dias” (Act 1, 3) = “tempo de graça” que indica a plenitude da experiência pascal: o tempo do contacto sensível com Jesus acabou, trata-se agora de O anunciar ao mundo - só compreende verdadeiramente quem é o Ressuscitado aquele que testemunha Cristo ressuscitado com uma vida nova e não aquele que vive na nostalgia do contacto sensível e de novas aparições do céu (cf Act 1, 11). Neste sentido a ascensão não é um novo mistério de Cristo, mas um aspecto do acontecimento pascal: Cristo está “sentado” definitivamente à direita do Pai e a Sua presença no mundo deverá ser anunciada pelo testemunho dos discípulos.

As aparições do Ressuscitado, concluídas com a ascensão (cf Act 1, 3) procuram ajudar os discípulos a compreender o significado do que aconteceu na Páscoa e o que implica para as suas vidas: a fé e o anúncio do Evangelho a toda a humanidade, pois o contacto físico, sensível com Jesus terminou (Act 1, 9 - “nuvem” = na linha das teofanias significa proximidade e simultaneamente inacessibilidade de Deus).

Afirmar que a humanidade, na pessoa do Cristo, já está no céu, significa contestar as imagens espontâneas de um céu “espacial’ (lá em cima, para além das estrelas) e a de uma felicidade eterna que começaria repentinamente, depois desta vida no tempo. Para Jesus, o céu é a participação plena na vida de Deus, de uma pessoa verdadeira, possuindo a mesma matéria e a mesma história de todos nós; uma relação nova entre o Criador e a criatura numa total transparência, livre dos limites e das dificuldades da condição terrena. O céu é Alguém!
É este o fundamento da esperança e da alegria cristãs.
Um céu assim não é simplesmente a “recompensa” de uma vida justa e boa, porque “os sofrimentos do momento presente não são comparáveis com a glória futura que será revelada em nós” (Rm 8,18). Nem é tampouco um narcótico para pessoas passivas e resignadas, um álibi para o compromisso de trabalhar neste mundo pela realização (mesmo que imperfeita) daqueles valores de liberdade, justiça, paz, fraternidade, comunhão, vida, amor, alegria, que constituem a bem-aventurança do pessoa segundo o plano de Deus.
A reflexão conciliar sobre a relação Igreja-mundo expressou-se na Constituição Gaudium et Spes com alguns textos fundamentais, que é bom reler:
“Somos advertidos, com efeito, de que não adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder-se a si mesmo (cf Lc 9, 25). Contudo, a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve estimular a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra. Nela cresce o Corpo da nova família humana que já pode apresentar algum esboço do novo século. Por isso, ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do aumento do Reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para organizar a sociedade humana” (GS 39; cf também GS 43, 44 e 57).


TU NÃO NOS QUISESTE ABANDONAR

Senhor, para ler os teus sinais
Olhámos em redor, Senhor
Morrias nos jornais
Na cruz do Teu Amor

Refrão
TU NÃO NOS QUISESTE ABANDONAR
CONNOSCO PROMETESTE CAMINHAR (bis)

Senhor, queremos repetir
A tua criação, Senhor
Queremos construir
A paz em comunhão

Refrão

Senhor, é longa a caminhada
Rumo a Jerusalém, Senhor
Sê nosso camarada
Na luta pelo bem

Refrão

António Samelo