Desta vez, o Samelo preparou-nos uma reflexão para o Momento Penitencial, a que juntou uma Homília de João Paulo II (Dia do Perdão do Ano Santo de 2000, a 12 de Março) e a Oração Universal – Confissão das culpas e Pedido de Perdão usada na mesma Celebração pelo Papa.
MOMENTO DO PERDÃO
A Igreja é sacramento do Reino - é a anti-Babel
Quando, em 1925, Pio XI instituiu a Festa de Cristo-Rei o seu objectivo era temporal e político: “cristianizar” os estados modernos, pois o cristianismo, melhor: o catolicismo romano era a religião perfeita e única (as outras eram império do diabo!) e a Igreja o único sacramento de salvação, a única arca da aliança, uma fortaleza e uma sociedade perfeita - a Igreja identificava-se totalmente com o Reino!
Mas… a Igreja da Trindade é criação contínua do Espírito Santo que sopra quando quer, onde quer e como quer…
… e quando a Igreja, sendo visível e invisível, instituição e mistério, se abre ao sopro do Espírito… percebe
* que não é o Reino nem a fonte da salvação (esta é Jesus Cristo)… e surgem no seu seio acontecimentos maravilhosos como o Concílio Ecuménico Vaticano II: “A Igreja, Reino de Cristo já presente em mistério…” (LG 3) “constitui ela própria na terra o germe e o início deste Reino” (LG 5); porque não é coincidente com o Reino (“Reino de Verdade e de Vida, Reino de Santidade e de Graça, Reino da Justiça, de Amor e de Paz”), a Igreja é seu sinal e instrumento, ou sacramento (cf. LG 1) e portanto deve:
- ser compreensível e significativa para todas as pessoas, povos e culturas; isto é, deve ser um sinal conforme às características de cada cultura e não de uma só;
- não ser um falso sinal: muitas vezes, levada pelo receio de que os valores das culturas venham destruir uma certa imagem de ordem que julga ser exigida pelo Reino, a Igreja pode fossilizar em estruturas e soluções ultrapassadas;
* que “contém pecadores no seu seio e, por isso, ao mesmo tempo que é santa, precisa sempre de purificação, e sem descanso prossegue no seu esforço de penitência e renovação” (LG 8): o Espírito goza de prioridade e primado em relação ao institucional eclesial, precede e vai gerando a Igreja, não “desce” a uma Igreja já constituída, mas serve-se dela e conscienciatiza-a de falhas e limitações, não “canonizando”, por isso, tudo o que nela acontece - e a Igreja, em atitude de conversão ao Reino, vai exercitando a “purificação da memória”…
Eu deste monte estou a ver o mar
Um mar de gente que não tem um lar
É um sobejo é um sobejo baixo
Canção tão triste paira sobre as ondas
É o lamento de homens a chorar
É um lamento é um lamento o mar
Refrão:
QUEM VÊ AS ONDAS
QUEM VÊ AS ONDAS DO MAR
NÃO FICA EM TERRA
- NÃO FICA EM TERRA A OLHAR (última vez: TEM DEUS QUE O MANDA AVANÇAR)
Lá mais ao fundo longe deste pranto
Vive uma gente que não sabe amar
É um tormento é um tormento amar
Vivem num reino feito de cristal
Vivem de sonhos sem querer olhar
Este sobejo este sobejo baixo (Refrão)
Na noite escura vem um monstro irado
Consome as vidas deste mar humano
É deste reino é deste reino o mal
É deste monstro que vive o cristal
E os dois combinam ter um povo em pranto
Esquecimento esquecimento brando (Refrão)
Canção tão triste paira sobre as ondas
Será um hino de libertação
Não será pranto não será pranto o mar
E o cristal será quebrado e o mar
Terá nas mãos um monstro domado
É deste reino é deste reino o bem (Refrão)
(O texto e as orações de João Paulo II podem ser descarregadas aqui!)
António Samelo
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