domingo, março 19

III Domingo da Quaresma – Dia do Pai

A celebração de hoje foi preparada pelos nossos mais novos...
Começaram por juntar os Pais todos no adro e dedicar-lhes uma canção; dizia-nos assim:

Dia do Pai
Com os dedinhos pintei
e ao meu Pai quero dar
esta charmosa gravata.
Acham que ele irá usar?

Como não tenho a certeza
e pelo sim, pelo não...
à gravata vou juntar
beijos e um chi-coração!

in Música no Jardim de Infância
Letra – Lourdes Custódio; Música – Pedro Falacho, Ambar, 2005


No momento de Kirie escutámos o belíssimo grito de Gilberto Gil e Chico Buarque (1978):

Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada para a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um facto consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça


A partilha foi enriquecida com a imagem que El Greco pintou sobre o Evangelho de hoje


El Greco, A Purificação do Templo, 1571-76, Óleo s/ Tela, 117 x 150 cm, Institute of Arts, Minneapolis


Lembrámos, ainda, todos os nossos pais (os que simplesmente estiveram hoje ausentes e os que estão já com o Pai e) e rezámos o Pai Nosso cada um com um ramo de oliveira na mão. Foi esse o gesto de Paz que os nossos filhos nos propuseram porque, justificaram, Pai e Paz começam com a mesma letra!
No final, eles tinham mais uma surpresa: ofereceram aos Pais umas pequenas gravatas que eles próprios moldaram e pintaram.

Foi bonito ver a Sala da Luz mais composta!...

Nota: não se esqueçam que podem comentar, dar sugestões, ... clicando na palavra comentários que aparece no fim de cada post!

Sem comentários: