segunda-feira, maio 23

5º domingo da Páscoa

O Samelo trouxe-nos mais um desafio para a nossa reflexão semanal: um texto de José Antonio Pagola, publicado no seu blog e que pode ser saboreado clicando aqui.


A Clara partilhou connosco, na Acção de Graças, um texto de Helena Araújo:

«Entre duas cervejas, falava-se de Deus. O grupo: um católico praticante, um católico duvidante, um ateu militante (que tira todos os dias uns minutos para se reafirmar que Deus não existe), um que só se ria, e eu, especialista em falar mais depressa que o pensamento, deixando escapar que "no fundo, não é muito importante se existe ou não - se eu agir como se Deus existisse, já vale a pena", o que logo me valeu o carimbo de "esta joga pelo seguro".

Em termos de esprit d'escalier, eu sou o superlativo absoluto sintético. Só muito mais tarde me ocorreu que era isto o que queria dizer:

A minha fé não é um apostar numa conta poupança eternidade, mas uma busca de sentido e conteúdo para a vida. Não tendo a certeza se Deus existe ou não - que isso é tal e qual como nos jogos de futebol: prognósticos, só depois do apito final -, basta-me que a sua procura seja a lâmpada dos meus pés.

Como diz a Sophia com tanta leveza e graça:

"Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra a fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco"

Existe? Não existe? Não sei.
Sei que o Deus de Jesus Cristo existiu com toda a força da sua concreta presença nas ruas de Calcutá por onde a Madre Teresa passou, sei que esteve em Auschwitz no dia 29 de julho de 1941, quando o padre Kolbe se ofereceu para morrer em vez de outro prisioneiro. Não existe para nós como um seguro de vida eterna, mas por nós e como O soubermos inventar em actos de amor ao próximo e à nossa vida presente.»


Quem quiser poderá começar, desde já, a preparar o próximo domingo, refletindo sobre o desafio que Pagola nos dirige, a cada uma e a cada um de nós:
«En la Iglesia de Jesús necesitamos urgentemente una calidad nueva en nuestra relación con él. Necesitamos comunidades cristianas marcadas por la experiencia viva de Jesús. Todos podemos contribuir a que en la Iglesia se le sienta y se le viva a Jesús de manera nueva. Podemos hacer que sea más de Jesús, que viva más unida a él. ¿Cómo?»

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