segunda-feira, julho 2

A essência da Igreja

A essência da Igreja que é a evangelização articula-se em três funções



VIAS DA EVANGELIZAÇÃO «—» BÍBLIA

A vocação-missão única de toda a Igreja, que é “evangelizar todas as pessoas” inseridas sempre numa(s) cultura(s), desdobra-se em três funções essenciais: profética, sacerdotal e real e cuja referência contínua é a Bíblia, como norma última. Embora atualmente haja várias propostas com maior número de funções, algumas podem adaptar-se a esta divisão tripartida que tem como base as três virtudes teologais:


* função profética (aprofundar a fé);
* função litúrgica (celebrar
a esperança);

* função real (viver a caridade) na edificação da comunidade (comunhão) e na transformação da sociedade (missão).

Toda a Igreja deve ser evangelizada e evangelizadora e ministerial
“O padre deve ser chamado presbítero e não sacerdote” (“Ano Sacerdotal”) 

Porque a linguagem faz parte da cultura no sentido da Evangelli Nuntiandi, nn. 19-20, “o padre deve ser chamado presbítero e não sacerdote”. No Novo Testamento, são utilizados dois vocábulos gregos diferentes para exprimir duas realidades também diferentes. O vocábulo «hiéreus» designa aquele que é mediador entre Deus e as pessoas; o vocábulo «presbuteros» designa aquele que é «ancião» (presidente) da comunidade, sem nenhuma referência nem à mediação nem ao culto. Quando estes termos gregos são traduzidos para latim, a distinção será: hiéreus=sacerdos e presbuteros=presbyterE em português? Que acontece? Estas duas realidades diferentes vão ser designadas pelo mesmo termo: presbyter é traduzido por «padre» e sacerdos é traduzido por... «padre».

É que tanto para o equilíbrio da fé, da eclesiologia e da compreensão do ministério ordenado como para o ecumenismo só há vantagens em falar, como no Novo Testamento, de presbiterado. Falar de “ministério sacerdotal” ou de “sacerdote” é necessário e legítimo, mas não pode abarcar todo o significado do ministério do presbítero, cuja identidade é presidir ao anúncio do Evangelho e à construção da Igreja através das três funções  (presidir é uma tarefa global - e não apenas sacerdotal - que supõe coordenação, animação, vigilância, sentido dinâmico do conjunto: é ser responsável da responsabilidade de todos). Os vários títulos sucessivos do decreto do Concílio Ecuménico Vaticano II sobre os padres apoiam esta opção: chamado no princípio De clericis (Abril de 1963), passou a chamar-se De sacerdotibus (Novembro de 1963); depois aparece o conceito de ministério: De vita et ministerio sacerdotali (Dezembro de 1964), De ministerio et vita presbyterorum (Novembro de 1965); mas o seu título final será Presbyterorum ordinis (7 de Dezembro de 1965).

O conselho dos padres duma Diocese na linha do Concílio Ecuménico Vaticano II chama-se “conselho presbiteral” e não “conselho sacerdotal”!...

Para aprofundar consultar:
COMISSÃO DIOCESANA DO APOSTOLADO DOS LEIGOS - DIOCESE DE COIMBRA, 
Congresso Diocesano de Leigos. Conclusões: Aprofundamento teológico e sugestões pastorais

Gráfica de Coimbra, Palheira, 1992,  pp. 37-41, 43-47, 51-54, 131-135, 168-174.

Pe António Manuel Neto Samelo e José Dias da Silva / 2010-02-06