domingo, novembro 17

"Dos Homens e dos Deuses"




A Comunidade de Acolhimento Cristão João XXIII vai iniciar um ciclo de cinema sobre "A fé em filme", em que proporá ao público a visualização de um filme a ser comentado por um convidado. Constatámos que esta ideia se cruzava com a proposta que o TEAR (Tecer a Espiritualidade com a Arte e a Reflexão) tem para este ano*. 
Assim, a primeira sessão do nosso ciclo será também o início dos Encontros Itinerantes que o TEAR propõe para este ano. Para esta sessão convidámos Pedro Mexia (cronista do Expresso e ex diretor da Cinemateca Nacional) para nos ajudar a refletir sobre o filme “Des Hommes et des Dieux”, de 2010, realizado por Xavier Beauvois.
A sessão decorrerá no auditório do Museu do Mosteiro Velho de Santa Clara, na próxima 2ª feira, dia 18 de novembro, pelas 21:30 horas.

As próximas iniciativas deste ciclo serão oportunamente divulgadas.


                                                                                                
* O TEAR é um projeto do IUJP (Instituto Universitário Justiça e Paz) que tem por objetivo realizar atividades que cruzem a vivência da espiritualidade com a fruição e/ou criação artística, bem como com uma reflexão orientada por especialistas.
As sessões serão abertas ao público em geral ou circunscritas a grupos mais restritos, consoante as finalidades de cada atividade de per si.
Em 2013/2014, a equipa que promove os eventos do TEAR calendarizou, ao longo do ano, Sete Encontros Itinerantes (7EI), cada um subordinado a uma modalidade artística (Cinema, Arquitetura, Música, Dança, Teatro, Pintura, Literatura) e a um tema específico, tendo em comum a intenção de realizar o cruzamento espiritualidade-arte-reflexão sob orientação de um convidado ou um conjunto de convidados.
Procuramos proporcionar ao público que cada encontro decorra num espaço da cidade de Coimbra que tenha sido candidato a património da humanidade ou cuja relevância histórico-cultural seja reconhecida.

quinta-feira, julho 18

José Dias da Silva (1942-2013): quando o Acolhimento se revela num sorriso rasgado no olhar

Tomo a liberdade de usar as palavras do Zé Carlos Patrício como tendo sido escritas e rezadas, também, em nome de todas e todos nós, Comunidade de Acolhimento Cristão João XXIII.


"Para o Zé










Não são de tristeza...



Não são de tristeza as minhas horas
mas de paz como um lago amanhecendo.

E quando a dor espreita nestas horas
ela  vem mansinha, quase envergonhada.

Porque um amigo assim nunca morre, nunca parte,
apenas se muda de lugar,
para que, mais fundo, a minha vista veja.

Não são de amargura as minhas horas,
porque semeada está a minha terra
com o seu amor que é eterno,
com o seu exemplo que perdura.

Fez, para mim, a cara alegre de quem anima.
Fez, para mim, a cara dura de quem emenda.

Estivemos, ombro a ombro, no mesmo altar
buscando o mesmo Deus de maravilha
e abraçámos, juntos, as incertezas do caminho
e bebemos, a meias, a doçura do Divino.

Não são de perdição as minhas horas
porque deu ao coração boas certezas.

Ele foi à frente amando a criatura
e eu, apenas, poisando os pés nas suas marcas.

Semeou a coerência como quem respira
e foi luz e sol no nosso caminhar.

Até na dor ele se foi transfigurando
fazendo da doença uma oração.

Não são de ausência as minhas horas
pois me olhas com bondade renovada,
agora pelo colo de Jesus que tanto amas.

Zé Carlos Patrício
15 de Julho de 2013"





"José Dias da Silva (1942-2013): Um porteiro do Reino de Deus"
é ainda o título de um texto que António Marujo publicou no Religionline e que pode ser lido aqui


sexta-feira, março 22

Que surpresas ainda aí vêm?

Uma reflexão sobre o que poderá estar a vir, encontra-se aqui.

quinta-feira, janeiro 17

S. João Batista | Jesus Cristo: austeridade vs. vida em abundância?!

A reflexão do passado domingo centrou-se na oposição que Jesus Cristo introduz à proposta que havia sido feita por João Batista: à austeridade que este anunciava e vivia, Jesus Cristo continua a desafiar-nos para uma Vida em abundância como, por exemplo, a lê Helena Marujo (no texto que pode ler aqui) ou a canta Woody Guthrie (forte exercício/desafio de reflexão).




Jesus Christ
Letra e música de Woody Guthrie

Jesus Christ was a man who traveled through the land
A hard-working man and brave
He said to the rich, "Give your money to the poor,"
But they laid Jesus Christ in His grave

Chorus:
Jesus was a man, a carpenter by hand
His followers true and brave
One dirty little coward called Judas Iscariot
Has laid Jesus Christ in His Grave

He went to the preacher, He went to the sheriff
He told them all the same
"Sell all of your jewelry and give it to the poor,"
And they laid Jesus Christ in His grave.

Chorus

When Jesus come to town, all the working folks around
Believed what he did say
But the bankers and the preachers, they nailed Him on the cross,
And they laid Jesus Christ in his grave.

Chorus

And the people held their breath when they heard about his death
Everybody wondered why
It was the big landlord and the soldiers that they hired
To nail Jesus Christ in the sky

Chorus

This song was written in New York City
Of rich man, preacher, and slave
If Jesus was to preach what He preached in Galilee,
They would lay poor Jesus in His grave.

segunda-feira, julho 2

A essência da Igreja

A essência da Igreja que é a evangelização articula-se em três funções



VIAS DA EVANGELIZAÇÃO «—» BÍBLIA

A vocação-missão única de toda a Igreja, que é “evangelizar todas as pessoas” inseridas sempre numa(s) cultura(s), desdobra-se em três funções essenciais: profética, sacerdotal e real e cuja referência contínua é a Bíblia, como norma última. Embora atualmente haja várias propostas com maior número de funções, algumas podem adaptar-se a esta divisão tripartida que tem como base as três virtudes teologais:


* função profética (aprofundar a fé);
* função litúrgica (celebrar
a esperança);

* função real (viver a caridade) na edificação da comunidade (comunhão) e na transformação da sociedade (missão).

Toda a Igreja deve ser evangelizada e evangelizadora e ministerial
“O padre deve ser chamado presbítero e não sacerdote” (“Ano Sacerdotal”) 

Porque a linguagem faz parte da cultura no sentido da Evangelli Nuntiandi, nn. 19-20, “o padre deve ser chamado presbítero e não sacerdote”. No Novo Testamento, são utilizados dois vocábulos gregos diferentes para exprimir duas realidades também diferentes. O vocábulo «hiéreus» designa aquele que é mediador entre Deus e as pessoas; o vocábulo «presbuteros» designa aquele que é «ancião» (presidente) da comunidade, sem nenhuma referência nem à mediação nem ao culto. Quando estes termos gregos são traduzidos para latim, a distinção será: hiéreus=sacerdos e presbuteros=presbyterE em português? Que acontece? Estas duas realidades diferentes vão ser designadas pelo mesmo termo: presbyter é traduzido por «padre» e sacerdos é traduzido por... «padre».

É que tanto para o equilíbrio da fé, da eclesiologia e da compreensão do ministério ordenado como para o ecumenismo só há vantagens em falar, como no Novo Testamento, de presbiterado. Falar de “ministério sacerdotal” ou de “sacerdote” é necessário e legítimo, mas não pode abarcar todo o significado do ministério do presbítero, cuja identidade é presidir ao anúncio do Evangelho e à construção da Igreja através das três funções  (presidir é uma tarefa global - e não apenas sacerdotal - que supõe coordenação, animação, vigilância, sentido dinâmico do conjunto: é ser responsável da responsabilidade de todos). Os vários títulos sucessivos do decreto do Concílio Ecuménico Vaticano II sobre os padres apoiam esta opção: chamado no princípio De clericis (Abril de 1963), passou a chamar-se De sacerdotibus (Novembro de 1963); depois aparece o conceito de ministério: De vita et ministerio sacerdotali (Dezembro de 1964), De ministerio et vita presbyterorum (Novembro de 1965); mas o seu título final será Presbyterorum ordinis (7 de Dezembro de 1965).

O conselho dos padres duma Diocese na linha do Concílio Ecuménico Vaticano II chama-se “conselho presbiteral” e não “conselho sacerdotal”!...

Para aprofundar consultar:
COMISSÃO DIOCESANA DO APOSTOLADO DOS LEIGOS - DIOCESE DE COIMBRA, 
Congresso Diocesano de Leigos. Conclusões: Aprofundamento teológico e sugestões pastorais

Gráfica de Coimbra, Palheira, 1992,  pp. 37-41, 43-47, 51-54, 131-135, 168-174.

Pe António Manuel Neto Samelo e José Dias da Silva / 2010-02-06

segunda-feira, junho 18

D. Albino Cleto

Querid@s amig@s,
fomos surpreendidos, este fim de semana, por uma notícia sempre difícil: faleceu no sábado, nos HUC, o sr. D. Albino Cleto.
O funeral será daqui a nada, com missa às 11.00 horas na Sé, de onde partirá depois para Manteigas, sua terra natal. 

Recordá-lo-emos sempre pela forma como acarinhou a Comunidade de Acolhimento João XXIII, recebendo-nos no Paço, autorizando-nos a reabilitar o espaço do velho edifício da Gráfica de Coimbra onde criámos a nossa Sala da Luz, onde se deslocou para abençoar este nosso espaço de celebração, festa, acolhimento e oração, e nos reafirmar o carinho com que vivia a experiência de risco que nos propomos viver, cada dia.

Sabemos que o Senhor, agora, o acolheu na eternidade das Bem aventuranças e rezamos para que ele nos ajude, com Jesus Cristo, nesta construção permanente do Reino, aqui e agora, feita de fracassos e acertos.

"O Senhor te abençoe e te guarde.
O Senhor faça resplandecer sobre ti o Seu rosto,
e tenha compaixão.
O Senhor te revele a Sua face,
e isso seja a Paz."

(Livro dos Números, in Armando S. Carvalho e J. Tolentino Mendonça [2006], A Oração dos Homens - uma antologia das tradições espirituais, Lisboa, Assírio & Alvim, p. 279)

domingo, dezembro 11

IIIº domingo do Advento

"O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e me envolveu num manto de justiça, como noivo que cinge a fronte com o diadema e a noiva que se adorna com as suas jóias. Como a terra faz brotar os germes e o jardim germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante de todas as nações."

[Is 61, 1-2a.10-11 ]

Este foi o mote, o desafio que o José Pureza nos lançou: como é que temos dado resposta, na vida de cada uma e de cada um, ao programa que o Senhor, aqui, também nos propõe!

Pelas vezes que que não nos centrámos na proposta do Senhor e passámos ao lado da vida pedimos perdão:

"Pai, mandaste-nos «anunciar a boa nova aos pobres» e nós entretivemo-nos com os problemas do ATL dos nossos filhos. Mandaste-nos «curar os corações atribulado» e nós preocupámo-nos com o congelamento das nossas carreiras. Mandaste-nos «proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros» e nós concentrámo-nos no descodificador da TDT.
Apagámos o Espírito, apagámos os dons proféticos e não fomos fiéis Àquele que nos chama.
Por isto e por tantas coisas mais, desculpa Pai."
(José Pureza)

"Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom."
[leitura completa: 1 Tes 5, 16-24] 

"Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. […] João respondeu-lhes: «Eu baptizo na água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava a baptizar."
[leitura completa: Jo 1, 6-8.19-28] 


Demos graças por todas as respostas que vamos sendo capazes de construir: seja pelo questionamento do senso comum, pelos compromissos de cidadania em que nos vamos empenhando, pela exigência com que vamos vivendo as nossas profissões, pela atenção cada vez mais vigilante para com os mais pobres dos pobres. Assim rezámos:

"Pai, já tivemos nas nossas vidas momentos que não esperávamos, daqueles que marcam para sempre os caminhos que fazemos. Com mais ou menos jeito, fizemos as escolhas que achámos que eram mais certas. E temos a ousadia de acreditar que a imitação da Tua vida foi então um dos critérios que nos orientou nessas escolhas.
Este é outro momento desses. A turbulência própria das mudanças fundas tomou conta das nossas vidas e das vidas de quem connosco vive. Estamos de novo desafiados a fazer escolhas densas, difíceis, marcantes.
E, ainda que perturbados e angustiados, queremos-Te dar graças por isso. Porque somos chamados a sair da distração e a dar corpo a um projeto de vida coerente com a nossa condição essencial: sermos filhos de Deus.
Obrigado por isso, Pai."
(José Pureza)