segunda-feira, dezembro 14

3º Domingo do Advento

Apresentação, José Pureza

A Comunidade de Acolhimento Cristão João XXIII é uma comunidade eclesial de base sem assumir as consequências todas de o ser.
Saímos das paróquias por causa do anonimato e cultivámos a familiaridade, o afecto e o cuidado com rosto concreto. Saímos dos movimentos por causa da nostalgia da cristandade de massas, triunfante e organizada, e cultivámos a pequenez e a presença no que mexe lá fora.
Do que não saímos foi daquilo em que fomos educados na Acção Católica: a ter a revisão de vida como modo de ser cristão, a assumir a opção preferencial pelos pobres como princípio de vida e a querer ser fermento que leveda a massa como forma de compromisso.
Escolhemos João XXIII como patrono porque não nos revemos numa igreja que multiplica anátemas e que desconfia de um mundo emancipado das religiões.
Somos Comunidade de Acolhimento porque acolhemos pessoas e, sobretudo, a vida a fluir, totalmente insubmissa a normas e a códigos morais fechados e apriorísticos.
Deve ser por isto tudo que o nosso bispo nos qualificou como "comunidade de risco". Esse é o mais forte dos traços de identidade desta comunidade – o gosto, a vocação de existir no risco, aquele que Yves Congar usou para definir a "igreja do limiar". Assim: "Gente que passa junto ao limiar da igreja, uns pensando-se fora, outros pensando-se dentro. Mas também aqui a fronteira não existe (…). A diferença entre uns e outros não é redutível a «acreditar» ou «não acreditar» (…). Por um lado, os que tentam seguir Jesus Cristo fazem-no porque nele vêem o caminho para Deus. Por outro lado, os que servem os fracos de entre os mais fracos são os que estão perto de Deus. Não há uma fronteira visível na humanidade, separando a comunidade dos cristãos da comunidade de toda a humanidade."
A comunidade, tal como a Igreja, não está, é. Sem um território, sem uma administração, sem um templo. Apenas acolhimento, risco e luz" (que é o nome da nossa Sala).